11.11.21

Bob Cuspe - Nós não gostamos de gente

Bob Cuspe - Nós não gostamos de gente || Estreia dia 11 de novembro de 2021 
Crítica por Helen Nice 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

Arnaldo Angeli Filho, conhecido como Angeli, ficou famoso nos anos 1970 ao lançar charges políticas em plena ditadura militar. Nos anos 1980 seu estilo migrou para a sátira ao dia a dia da sociedade, com seu toque de humor ácido e peculiar. Sua revista "Chiclete com Banana" lançada em 1983 foi um sucesso editorial com tiragem inicial de 20. 000 exemplares. É considerada até hoje uma das mais importantes publicações para o público adulto já editadas no Brasil. 

Angeli desenvolveu uma galeria de personagens que sobreviveram ao passar do tempo e ainda se mostram atuais. Entre eles estão o anárquico punk Bob Cuspe, a "porralouca" dos anos 1980 Rê Bordosa, o guru espiritual que traçava as discípulas Rhalah Rikota e a versão underground dos Sobrinhos do Capitão, os Skrotinhos. Os mais saudosistas irão curtir rever esses personagens, os mais novos terão a oportunidade de conhecer a genialidade do cartunista. 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

Chega nesta quinta (11) às salas de cinema mais uma produção livremente inspirada nos textos de Angeli - "Bob Cuspe - Nós não gostamos de gente", distribuído pela Vitrine Filmes. Dirigido por Cesar Cabral, que divide o roteiro com Leandro Maciel, a produção tem um elenco de peso: Milhen Cortaz (Bob Cuspe), Angeli (Angeli), Paulo Miklos (Irmãos Kowalski), Carol Guaycuru (Carol), Laerte (Laerte e Madame L), André Abujamra (Rhalah Rikota), Beto Hora (Toninho Mendes), Hugo Passolo (Skrotinhos), Grace Gianoukas (Rê Bordosa), André Abujamra e Mário Nigro (Pop Stars). 

Nesta trama, Bob Cuspe já um tanto quanto envelhecido, mas ainda mantendo seu estilo característico, está preso em um deserto pós apocalíptico estilo Mad Max. Ele é perseguido por seres pop mutantes "à la anos 1980", réplicas bizarras de "Elton John", que querem seu sangue. Na real, a criatura Bob Cuspe, está aprisionado na mente de seu criador supremo Angeli, que enfrenta uma crise existencial. Angeli se questiona se não está vagando no Vale do Ego, onde é muito fácil ficar um "idiota" e se achar o rei da cocada preta. 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

O eterno mal humorado e resmungão cartunista, agora prefere ficar recluso em seu estúdio a ter que encarar os escrotos do mundo. Não seria o momento de assassinar seu alter ego da fase juvenil Bob Cuspe, como já fez com a personagem Rê Bordosa (Dossiê Rê Bordosa 2008). Mas até ela ainda permeia seus pensamentos vez ou outra e lhe faz companhia. O criador tem que conviver eternamente com suas criações, apesar de ter facilidade em destruí-las. Se instaura uma crise de criação! 

A jogada é sensacional e prende a atenção mesmo que você não conheça a obra de Angeli. Toda produção é feita em stop-motion, misturando comédia, road movie e documentário com o próprio Angeli falando sobre a crise, como ele encontra inspiração para criar e seus planos mais atuais. A trilha sonora prefeita de André Abujamra e Márcio Nigro, dá um toque a mais. Traz entre outras músicas, composições dos Titãs com suas letras irônicas e provocativas. O filme ganhou o principal prêmio no maior festival de animação, a Mostra Contrechamp, em Annecy. No Brasil, foi parte da 45º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Super recomendo!!
 

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