14.11.21

Maid

Lá vem ela falar de uma série que todo mundo já viu... Quem acompanha o site a mais tempo sabe que eu dificilmente vejo, e leio, as coisas quando elas saem, principalmente se for algo hypado. Eu gosto de esperar o burburinho passar para ver. Então aqui no site vocês vão encontrar comentários de coisas recentes e antigas também. A minha máxima é: se eu não vi, ainda é lançamento. Maid é uma minissérie da Netflix que estreou dia 1 de outubro e tem 10 episódios. Quando saiu, tudo mundo assistiu e curtiu bastante; saíram varias resenhas e vídeos e como eu curti muito também, quis escrever sobre ela. Na verdade eu quero escrever sobre os pontos que eu mais gostei. 

Maid, que em inglês significa empregada doméstica ou faxineira, conta a história da Alex Langley (Margaret Qualley), uma jovem mãe que sofre violência doméstica. A minissérie começa com a Alex saindo de casa desesperada com a filha, Maddy (Rylea Nevaeh Whittet), e procurando um lugar para ficar. Ela acabou de sofrer uma agressão psicológica e tem medo do companheiro Sean Boyd (Nick Robinson). Na verdade ela sofre agressões do namorado desde quando ele soube da gravidez, mas só quando ela percebe que a filha corre perigo é que decide sair de casa. E aí começa toda a luta dessa mãe para reaver o controle de sua vida e poder cuidar da filha.

Imagem: Reprodução

A minissérie levanta vários questionamentos dolorosos e interessantes envolvendo a Alex e sua filha. Eu vou listar os que eu mais gostei e os que eu gostaria que vocês prestassem atenção quando vissem ou que refletissem lembrando, no caso de quem já viu. Vale dizer que o projeto é baseado em um livro chamado Superação e que esse livro é baseado em fatos reais, na vida da autora Stephanie Land.

Sem rede de apoio

Quando se fala na importância da rede de apoio para apoiar mulher em situação de violência doméstica a gente está falando de Maid no sentido de quando não se tem isso. Assim que a Alex sai de casa com a filha ela não tem dinheiro, emprego e nem um lugar para ir. Ela vai passar alguns episódios morando no carro, numa balsa, na casa de um amigo que ela acabou de reencontrar. Por que isso? Porque uma das características do relacionamento abusivo é o abusador ter controle financeiro sobre a mulher. Ele paga tudo, então como ela vai sair de casa?

Percebendo que está nessa situação, a Alex procura ajuda do governo americano e preenche vários formulários para conseguir ajuda financeira e poder conseguir um lugar para ficar e creche para a filha. Eu não vou entrar em detalhes nessa parte burocrática porque eu não entendo, mas o fato é que ela vai para um abrigo de mulheres vitimas de violência doméstica e consegue o trabalho na Value Maids, que seria faxineira. 

Imagem: Reprodução

Mãe duas vezes

Mas como a Alex não pode contar com ninguém, ela não tem pais? Falarei sobre o pai no próximo tópico, mas a mãe merece um grande destaque. Dizem que a gente tende a repetir quando adulto o que acontece com a gente quando criança. Aqui cabe isso, pois a mãe da Alex também é uma vitima de violência doméstica. A relação das duas é complexa. Claramente a mãe tem problemas psicológicos e eu acredito que decorrentes de como ela lidou com a violência que sofreu do pai da Alex, em completa negação. A relação da mãe, interpretada pela atriz Andie MacDowell - que é mãe de verdade da Margaret, com os homens é de submissão, de um abuso recorrente.

Ela também não é estável, não tem uma casa ou renda, e não pode ajudar a filha quando ela mais precisa. Ela não está mentalmente presente. É uma personagem que, como eu disse, a gente percebe não ser mentalmente estável. A Alex acaba assumindo o papel de mãe da mãe. Ela se preocupa, cuida, e caba sendo mais um fardo para a Alex carregar.  Em muitos momentos eu acho que alguém deve ter pensado que a Alex poderia simplesmente largar a mãe para lá, mas eu não a culpo pela preocupação. Eu faria a mesma coisa.

A cena mais triste 

Essa minissérie é cheia de cenas de partir o coração. Sério gente, dá desespero às vezes de como tudo dá errado o tempo inteiro. Porém, a relação da Alex com o pai, interpretado pelo ator Billy Burke (que isso em? um ótimo pai para a Bella e esse lixo para a Alex!!) é extremamente triste e mais ainda quando a gente pensa que é normal os homens se protegerem dessa forma. Quando a Alex mais precisa do pai, ele fica ao lado de Sean. 

Contextualizando essa relação, o pai também era abusivo e colocava a culpa no álcool. Agora ele tem um novo casamento, é religioso e fica ao lado de Sean na relação dele com a filha. Ele acredita que o alcoolismo é que está acabando com o relacionamento dos dois, e que a filha deveria apoiar o companheiro e não abandoná-lo. Na cena mais triste para mim, ela pede a ajuda do pai, para que ele lute por ela e esteja presente, mas ele se recusa e acredita que quem está errado na história é ela.


Imagem: Reprodução

A virada

Os humilhados são exaltados, já dizia o ditado popular. E na minissérie a exaltação vem na forma de se livrar do cara abusivo, retomar o controle de sua vida e realizar o sonho de entrar na faculdade. A gravidez da Alex é resultado de um relacionamento rápido de verão, quando ela se preparava para ir para a faculdade e ser escritora, ela tinha bolsa de estudos e tudo. Ela fica grávida, abandona tudo e vai viver com Sean. Ao sair de casa e ter que tomar uma série de decisões difíceis, ela monta um plano, isso mais para o fim da série, e consegue realizar o maio sonho da vida dela. 

As cenas finais são muito emocionantes porque mostram que a vida da Alex finalmente deu certo. Tudo o que ela passou, todas as cicatrizes, ficam para trás e novas oportunidades se abrem para ela e a filha.

***

Sendo um pequeno apanhado do que me chamou a atenção, só queria finalizar dizendo que a minissérie é ótima e mostra real como é estar num relacionamento abusivo e literalmente no fundo do poço, sério, tem uma cena assim. Não é uma caminhada fácil para a Alex durante esse período de sua vida e como expectadora é doloroso acompanhar todos os 10 episódios. São muitos gatilhos, então fica o aviso. No fim as coisas são certo e o alívio vem, mas até lá muitas lágrimas são derramadas.

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