Querido Evan Hansen || Estreia dia 11 de novembro de 2021
Crítica por Natasha Soares
Imagem: Reprodução
Quando se pensa em um musical, o que vem à cabeça são as danças impecavelmente
coreografadas sendo embaladas por canções alegres e cenários coloridos. Querido
Evan Hansen é um filme/musical que trata de temas como: depressão, ansiedade e
suicídio. Retratar assuntos pesados em uma história repleta de canções daria certo? A
se julgar pela performance teatral, de onde o filme foi originado, a resposta é: sim, e
muito!
Antes de chegar às telonas, Querido Evan Hansen fez um enorme sucesso na
Broadway, quando estreou em 2016, levando para casa nada mais nada menos do que
seis prêmios Tony - que é considerado o Oscar do teatro. Além de ter garantido o
prêmio de Melhor Musical, a peça ainda rendeu o fruto de Melhor Ator para o
protagonista, interpretado por Ben Platt. Devido ao estrondoso sucesso, Ben foi
convidado pelo diretor Stephen Chbosky para retornar ao papel de Evan Hansen,
agora na tela de cinema.
Querido Evan Hansen conta a história de um adolescente solitário e desajeitado
prestes a terminar o conflituoso ensino médio. Se não bastasse estar em uma das
primeiras fases mais importantes da vida, Evan tem depressão e crise de ansiedade.
Devido à saúde frágil, o adolescente faz uso constante de medicamentos. Indicado
pelo terapeuta, Evan passa a escrever cartas motivacionais para si, afirmando que o
dia será incrível e o motivo dele ter sido assim. O texto começa sempre com “Querido
Evan Hansen”, e termina com “Atenciosamente, eu”.
Imagem: Reprodução
Após diversas tentativas de escrever algo positivo, Evan desiste e passa a escrever o
motivo do seu dia não ter sido bom e, que ele provavelmente nunca será, já que se
sente invisível e que ninguém notaria se ele desaparecesse. O garoto, então, coloca o
texto para imprimir, mas Connor Murphy - um aluno problemático e rebelde - acaba
pegando a folha e se enfurece ao ver que o nome da sua irmã foi citado na carta.
Acontece que Evan nutre uma paixão por Zoe Murphy, sem que a garota tenha ciência
disso.
Connor decide ficar com a carta, deixando Evan desesperado com medo de que o
garoto publique o relato nas redes sociais. Porém, após três dias de silêncio, Evan é
chamado na direção do colégio e descobre que a mãe e o padrasto de Connor querem
conversar com ele. O desespero do adolescente dá lugar a tristeza ao saber que
Connor tirou a própria vida. Porém a situação se complica quando o casal conta para
Evan que o único item deixado pelo garoto foi uma carta endereçada a ele. Trata-se na
verdade do texto que o próprio Evan havia escrito. Pensando que os dois garotos eram
amigos, a família de Connor se apoia na ideia de querer saber tudo sobre essa
amizade, já que a carta é a única lembrança que “Connor” deixou para eles.
Sem reação e incapaz de esclarecer a confusão, Evan acaba deixando a família pensar
que eram amigos. É a partir daí que a história de Evan Hansen começa a se desenrolar.
Imagem: Reprodução
Cheio de camadas, o filme cresce durante a narrativa, se aprofundando, também, na
história dos outros personagens principais. Cada um deles exerce um papel importante
no enredo e, contam cada um ao seu modo, uma parte do todo que compõe a história
do longa.
Apesar da aparência adulta (o ator tem 28 anos) destoar bastante da imagem de um
adolescente de 17, causando certa estranheza, Ben convence no papel do tímido Evan
Hansen, ao fazer uso de trejeitos e expressões acanhadas. Sem contar a voz poderosa
ao entoar as canções do filme. Não há dúvidas que Platt mereceu o prêmio Tony que
contempla em seu currículo.
Destaque também para a atuação das veteranas Julianne Moore e Amy Adams, que
interpretam as mães de Evan e Connor, respectivamente. Vivendo em situações
financeiras distintas, as atrizes interpretam mães que pertencem à vidas opostas, mas
que têm mais em comum do que possam imaginar. As duas soltam a voz em cenas
bastante emotivas, evidenciando também o talento como cantoras.
Imagem: Reprodução
Querido Evan Hansen é aquele tipo de filme que não passa em branco para o
telespectador. Até aquela pessoa que torce o nariz para musicais não ficará imune a
sensibilidade do filme. Não há como não se identificar com algum tema tratado na
história, seja o fato de se sentir deslocado no colégio; sejam as amizades ou a falta
delas, o primeiro amor, o relacionamento com os pais (ou a falta deles). São diversos
assuntos tratados da forma mais leve que se consiga tratar, sem deixar a emoção de
lado.
Querido Evan Hansen é sobretudo um filme necessário para os dias atuais onde se tem
discutido cada vez mais abertamente questões como: depressão, ansiedade e suicídio.
E ele acerta em cheio a mensagem que se propõe: a de dar esperança. Repleto de
cenas emocionantes (preparem os lencinhos), o longa tem uma mensagem muito
poderosa: Você não está sozinho. Você não é invisível. Você é importante. Procure
ajuda em um amigo, em quem você confia, ou em um profissional.
É um filme necessário não só para os mais jovens, mas também para todos aqueles
que convivem com eles. É um filme necessário para todos nós.
Postar um comentário