O Pintor de Sonhos

O Pintor de Sonhos || Estreia dia 17 de fevereiro no Cinema Virtual

Crítica por Helen Nice 

Imagem cedida pelo Cinema Virtual

Baseado no romance de Gunars Janovskis, "O Pintor de Sonhos" filme escrito e dirigido por Viestur Kairis, é uma tragicomédia que narra eventos históricos ocorridos na Letônia entre os anos de 1934, quando o país tornou-se um estado autoritário, até o período da 2ª Guerra Mundial. Iremos acompanhar como essas mudanças afetaram a vida do pintor Ansis (Davis Suharevskis) e toda comunidade de uma pacata vila às margens de um lago na Letônia. 

O jovem protagonista retorna ao lar de seu pai velho e enfermo e se estabelece financeiramente pintando placas. À medida que a 2ª Guerra for se aproximando, novas ideologias irão se alternado, nacionalistas, comunistas, nazistas, obrigando o rapaz a mudar nomes de ruas e locais. Para cada regime novas regras serão instituídas, novas cores nacionais e os bustos dos governantes serão constantemente substituídos. Inseguro e sem uma postura política definida, o pintor quer apenas ganhar seu sustento. Não lhe falta trabalho, mas seu grande sonho mesmo é se tornar um renomado pintor de quadros. 

Imagem cedida pelo Cinema Virtual

Ansis compra suas tintas no comércio do rico judeu Bernshtein (Gundars Abolins), pai de seu grande amor Ziselle (Brigita Cmuntová). O pai da moça não aprova o namoro e diz que ela já tem um pretendente em Praga. Ziselle é bem liberal e feminista e apoia as ideias russas. Ela estava estudando para ser professora, desistiu da carreira, uniu-se a um russo e foi trabalhar com ele, fazendo amigos na KGB. Desiludido Ansis começa um relacionamento com Naiga (Agnese Cirule), filha do farmacêutico. A jovem aceita ser modelo vivo e posar nua para seus retratos. 

Em 1940 a União Soviética anexa o país e Ziselle volta ao vilarejo. Ela detém informações importantes que poderão salvar a vida do pintor. Seu pai, por outro lado perde o comércio e só recobra a dignidade ao ser pintado por Ansis. O quadro será parte importante da trama. A cena em que o pintor vê sua amada através de uma moldura também é bastante significativa. É como se ele a visse como uma obra de arte, inacessível. Um ano mais tarde, haverá a ocupação nazista-alemã, durante a 2ª Guerra Mundial. Neste período, a perseguição aos judeus se torna ostensiva. Barcos e trens lotados de judeus são despachados para a Sibéria. Corpos são encontrados em valas comuns. Um estranho triângulo amoroso se esboça entre Ansis, Naiga, agora casados, e a foragida judia Ziselle. A vida do pintor é vazia, superficial e infeliz. 

Imagem cedida pelo Cinema Virtual

A trilha sonora reflete isto. A banda local insiste em transpassar algum otimismo, mas a violência e a maldade cada vez mais destrói aquela comunidade. A narrativa, como ficção, não se propõe a ser fiel a fatos históricos, usando da liberdade de criar situações geograficamente improváveis. A isso junta-se o fato da história da Letônia não ser conhecida pela maioria dos expectadores, tampouco o livro em que foi baseado. O filme cumpre seu papel de apresentar personagens críveis, interpretados por atores iniciantes. A conclusão é bastante emocionante. O que fica bem claro é o forte impacto, e os aspectos negativos, que as constantes mudanças políticas trouxeram para o pobre e sofrido povo da Letônia. 

Fatos históricos: O país só tornou-se independente em 1991, tornou- se membro da União Europeia em 2004, aderindo ao euro em 2014.