Belle || Estreia dia 27 de janeiro de 2022
Crítica por Natasha Soares
Imagem cedida pela Paris Filmes
A animação Belle, do renomado diretor Mamoru Hosoda, finalmente está chegando aos
cinemas para a alegria dos fãs de anime. Com uma trilha sonora excelente e um enredo
profundo, a produção japonesa promete conquistar o coração do grande público.
Belle conta a história de Suzu, uma adolescente de 17 anos, bastante tímida e reservada que
vive em uma aldeia com o pai, após passar por uma tragédia familiar na infância. Incentivada
por sua melhor amiga, Suzu resolve criar uma conta no aplicativo mais popular do momento:
U. O app U é um mundo virtual que conta com 5 bilhões de membros na internet, na qual
qualquer usuário pode ser o que quiser, do jeito que quiser e da forma que quiser. Para
compor o personagem em questão, são coletados dados intrínsecos da personalidade do
próprio usuário fazendo com que seja impossível de ter duas pessoas iguais em U. Cada
personagem ali presente é único.
Disposta a esquecer, nem que seja por um momento do trauma de sua vida, Suzu dá vida à
persona Belle - uma linda cantora de sucesso que encanta a todos os habitantes de U. Logo
que surge nesse mundo paralelo, Belle se torna rapidamente a pessoa mais popular do
aplicativo, conquistando a admiração e a inveja de todos, ou seja, o oposto da introspectiva e
insegura Suzu. Através de Belle, Suzu vê a oportunidade de recomeçar uma vida do zero, onde
pode ser quem ela quiser, vivenciando ao máximo sua paixão pela música.
Imagem cedida pela Paris Filmes
Porém, a popularidade de Belle não fica restrita somente a ela. Logo surge um misterioso
habitante em U que está intrigando a todos. Misterioso e agressivo, o personagem possui uma
aparência animalesca com chifres e garras. Uns o chamam de Dragão, enquanto outros o
nomeiam como Fera. A aparência dele é totalmente oposta à beleza da doce e linda Belle.
Não se trata de uma coincidência essas características soarem tão familiares assim. Belle é
fortemente inspirado na emblemática história de A Bela e a Fera. Ao longo do filme, o
telespectador atento irá notar que a produção japonesa adaptou diversas cenas do clássico da
Disney, desde a conflituosa relação da Fera com Belle, até a icônica valsa dos dois
personagens, embalada por uma canção linda e tocante.
Espalhando medo a todos os habitantes de U, a "Fera" logo é caçada por um grupo de
personagens que se intitulam super heróis daquele universo. Para expulsar a Fera do
aplicativo, eles precisam revelar a identidade da pessoa que está por trás do enigmático
personagem, o que faz com que Belle exerça a vontade de protegê-lo. Disposta a ajudar a Fera,
Suzu busca uma forma dela própria descobrir quem está por trás da “besta”, para que assim
consiga ajudá-la. E é nesse momento do enredo que a história tem uma reviravolta inesperada,
fazendo com que a animação passe de uma narrativa inocente para algo totalmente pesado e
sombrio, porém sem perder a leveza.
Imagem cedida pela Paris Filmes
E é a partir desse momento, também, que várias passagens do filme passam a fazer sentido e
o quebra cabeças começa a ser montado, trazendo um significado comovente e real. Temas
como depressão, ansiedade e violência doméstica são tratados em Belle com sensibilidade e
doçura, fazendo com que a empatia e a esperança sejam os sentimentos predominantes do
longa.
Belle é uma história que comove e emociona qualquer coraçãozinho gelado. Não é por acaso
que a produção foi extremamente ovacionada no Festival de Cannes ao ser aplaudida por
longos 14 minutos, além de ter conquistado nada mais nada menos do que 95% de aprovação
da crítica no Rotten Tomatoes.
Com direção e roteiro de Mamoru Hosoda, Belle estreia nesta quinta feira (27) nos melhores
cinemas do país.
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