Matrix Resurrections || Estreia dia 22 de dezembro de 2021
Crítica por Natasha Soares
Imagem: Divulgação
A espera acabou! Depois de 18 anos a aguardada continuação de Matrix finalmente chega às
telas dos cinemas. Matrix Resurrections é o quarto filme da franquia de ficção científica que
mudou o cenário da cultura pop a partir de 1999. Dirigida pelos visionários irmãos Andy e Lana
Wachowski, a trilogia inicial é formada por Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, ambas
lançadas em 2003. Sem a presença de Andy, Lana comanda sozinha a nova produção, que traz
de volta Keanu Reeves na pele do "Escolhido" Neo, e Carrie-Anne Moss dando vida
novamente à personagem Trinity.
Matrix Resurrections funciona como uma grande homenagem ao entregar ao público uma
série de referências dos três filmes da franquia. É um prato cheio para os fãs nostálgicos que
são presenteados com lembranças da trilogia desde o primeiro minuto de tela. Não haveria
nome melhor (Resurrections, ressurreições) para a continuação de Matrix. Lana Wachowski,
com a ajuda do roteirista David Michell, soube trazer Neo e Trinity de volta de uma forma
bastante perspicaz, dando sentido e coerência à uma antiga fórmula que revolucionou a
história dos blockbusters do gênero.
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Em Matrix Resurrections, Neo é um famoso designer de games que atende pelo seu antigo
nome, Thomas Anderson. O enredo do jogo trata justamente do que Thomas viveu na pele de
Neo durante os três filmes anteriores. Conturbando pelas lembranças do passado, não
distinguindo o que é realidade ou ilusão, o personagem se consulta com um analista, vivido
pelo ator Neil Patrick Harris. Ao ser perseguido por Bugs (Jessica Henwick), Neo constata que
nada do que ele está vivendo atualmente é real, e que precisa seguir novamente o “coelho
branco” e tomar a famosa pílula vermelha.
Apesar de entregar uma nova história (ou o começo de uma nova franquia, por quê não?
Falaremos disso mais adiante) o longa relembra cenas clássicas e momentos marcantes da
trilogia. É como se fosse um resumo diluído das três primeiras produções ao longo do filme.
Embora todo esse déjà vu esteja presente no longa, o novo Matrix também traz elementos que
não havia nos filmes anteriores. E é justamente ao focar na nostalgia, carregando o enredo de
inúmeras referências, que Lana acaba entregando momentos divertidos que vão arrancar
risadas do público. A inserção do humor na narrativa quebra a seriedade que foi uma das
características em Matrix.
Imagem: Divulgação
Um dos momentos mais engraçados e sagazes, é quando Thomas/Neo está conversando com
o seu chefe, que informa ao personagem que a Warner Bros fará a continuação do jogo Matrix
quer ele queira ou não. A crítica, em forma de sátira, também diz respeito ao sucesso de
Matrix perseguir Neo desde o lançamento da produção, assim como acontece também com
Keanu. E é nessa brincadeira leve e engraçada que se forma a conexão entre o filme e o
público. É como se fosse uma conversa entre amigos que são fãs de Matrix. É a linguagem de
fã para fã sendo quebrada por uma espécie de quarta parede.
Além do humor, o quarto filme também foca em outro elemento que não teve muito destaque
na franquia: o amor. É esse sentimento que permeia todo o longa e é a grande motivação da
volta do Escolhido à Matrix. Ao explorar o intenso sentimento de Neo por Trinity, o filme deixa
os personagens menos máquinas e mais humanos.
Entretanto, com a determinação de agradar aos fãs, o filme peca nas aguardadas cenas de
luta. Ainda que bem coreografadas e complementadas com avançados efeitos especiais, as
lutas não chegam nem aos pés deixam dos filmes anteriores, deixando um pouco a desejar
nesse quesito.
Imagem: Divulgação
Além de Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss, Jada Pinkett Smith também agrada aos saudosos
fãs ao reprisar o papel de Niobe. Contudo, nem todos os atores que fizeram história na trilogia
estão presentes na retomada. Morpheus e Agente Smith, eternizados pelas brilhantes
atuações de Laurence Fishburne e Hugo Weaving, respectivamente, são representados por
outros atores.
Em entrevista concedida ao New York Magazine, Laurence diz não saber o motivo de não ter
sido escalado para o filme, já que não foi convidado para voltar ao projeto. Ao contrário de
Fishburne, Hugo Weaving foi contatado para dar vida novamente ao Agente Smith, entretanto,
o ator não entrou em acordo com a direção por questão de agenda. Os novos intérpretes de
Morpheus (Yahya Abdul-Mateen II) e Smith (Jonathan Groff’s) entregam uma boa
performance, mas aquele sentimento de que algo não está em seu devido lugar toma conta.
Parafraseando a fala do filme na qual citam que a Warner Bros fará o que bem quiser com o
futuro de Matrix, sim, eles têm tal poder. Nada se comenta ainda sobre um quinto filme ou
uma nova trilogia, mas, o final da produção abre margem para um próximo longa, se eles
assim quiserem. Abusando da metalinguagem, Matrix Resurrections leva a história de Neo ao
ponto de partida, onde vemos tudo começar novamente, relembrando o passado e dando
margem para o futuro, onde novas histórias abrem caminhos para serem contadas. Para os fãs
não há maneira melhor de se retomar um clássico quase 20 anos depois.
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