21.11.21

A Luta

A Luta || Disponível no Cinema Virtual 
Crítica por Helen Nice

Imagem: Reprodução

A vida de Andi Jovanovich (Jannis Niewöhner) não é nada fácil. As responsabilidades se acumulam na criação de 3 filhos, e por mais que ele se esforce, parece que ele está sempre perdendo a luta contra a vida! Os dois filhos mais velhos, Nikki (Eline Doenst) e Ronny (Giuseppe Bonvissuto), estão sob sua quase total guarda, já que a mãe das crianças, Isa (Carol Schuler), é dependente química e não responde por seus atos. Ele carrega as crianças para lá e para cá, numa correria insana, para dar conta dos horários e do seu próprio trabalho em uma construção. As constantes emergências o tiram do plumo e ele acaba por perder o emprego.

Há ainda uma bebê, Fiou (Sophia Demer), filha de outra mãe, a jovem Sonja (Lena Tronina). Ele divide a guarda com a mulher que ele ainda ama e tem esperanças de alguma reconciliação, mas a garota já mora com outro namorado que lhe dá uma certa segurança financeira e aceita sua filha. É desesperador ver aquele pai arrastando 3 crianças no frio, sem qualquer organização, os alimentando de salgadinhos, totalmente sem uma rotina saudável e familiar. O aluguel, que já vinha se acumulando, agora sem emprego, ficou praticamente impraticável de ser pago. A ameaça de despejo bate à porta. 

Imagem: Reprodução

Andi só sonha com uma vida comum e uma família unida e harmoniosa. Mas não é isso que consegue. Ele recorre à Sonja e pede dinheiro emprestado. Sobrevive fazendo limpeza ou trabalhando como segurança em uma balada. As crianças maiores são largadas em qualquer lugar, com qualquer pessoa, não tem disciplina nem segurança. Todo dinheiro que recebe é para quitar a dívida. Mas nada parece ser suficiente e, se ele não conseguir pagar a quantia total será impedido de ver sua bebê. A vida de Andi é um verdadeiro caos! O que não podemos colocar em dúvida é seu amor pelos filhos. Um amor desregrado, disfuncional, mas ainda assim, amor. Ele trabalha e se esforça, sem sucesso. Por diversas vezes, o rapaz perde os limites e se torna agressivo e irritado, até com os filhos e o gato. As crianças imitam o seu modelo de comportamento, se agridem verbal e fisicamente, causam problemas na escola. Eles não têm amigos. 

A única luz que ilumina o túnel escuro em que sobrevive é o Torneio de Boxe e a esperança de ganhar 5 mil euros. As cenas de luta são bem coreografadas e a maquiagem é impressionantemente real. Socos, muito sangue, hematomas. Tudo bem impactante e embalado por uma trilha sonora melancólica. As crianças assistem as lutas e sofrem vendo o pai ser massacrado. Em uma atitude de desespero, Andy comete um ato impensado. Entretanto o final é um pouco aleatório e inconclusivo. Mas o filme cumpre seu papel de denunciar uma estrutura social que não enxerga as lutas e esforços dos mais necessitados para sustentar uma família. O box simboliza a luta social. O desemprego, a dependência das drogas, a falta de moradia e alimentos como realidade dos mais vulneráveis. 

A Luta foi exibido na abertura do Festival Internacional de Cinema de Berlin, na Mostra Perspectivas do Cinema Alemão, levando os prêmios de Melhor Elenco no German Screen Actors Award e Melhor Longa Metragem no Modist Internacional Film Festival.

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