O Matemático || Disponível nas plataformas digitais
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela A2 Filmes
O drama existencial nos bastidores da guerra.
Pouco se fala sobre as mentes brilhantes por trás das armas de guerra e o quão sofrido é conviver com a responsabilidade por tê-las criado. Como aceitar o fato que algo que você criou foi usado para destruir milhares de vidas?
A produção cinebiográfica alemã- polonesa- britânica de 2020 "O Matemático", baseada no livro "Adventures of a Mathematician" escrito pelo próprio matemático S. M. Ulan, com roteiro e direção do alemão Thorsten Klein, aborda estes dilemas.
Na história, estamos nos anos 1940 e a Europa fervilha, imersa na 2ª Guerra Mundial.
O matemático polonês Stanislaw Ulam (Philippe Tlokinski) consegue fugir para os EUA juntamente com seu irmão mais novo Adam (Mateusz Wieclawek). Stan conseguiu uma bolsa em Harvard e vive com o irmão em um aposento humilde enquanto guarda dinheiro para enviar para os pais e a irmã Stefania (Karoline Romuk-Wodoracka) na Polônia. Eles se preocupam com a situação em seu país e esperam que a família também consiga escapar das atrocidades da guerra.
Quando sua bolsa é suspensa, ele aceita a sugestão do amigo e se oferece para se juntar a um projeto de pesquisa do governo. Nesta mesma época ele conhece a jovem Françoise Aron (Esther Garrel) e lhe propõe casamento como forma de se manter nos EUA.
Imagem cedida pela A2 Filmes
Somos cientistas, não deuses!
Stan é recrutado para o Projeto Manhattan e, juntamente com a esposa, se transfere para Los Alamos, no Novo México.
Alan se sente abandonado pelo irmão e sofrerá consequências psicológicas desastrosas por isso.
Com seus conhecimentos elevados de matemática e suas habilidades com as cartas, Stan se torna um elemento importante do projeto, apesar de seu temperamento.
O objetivo do grupo é desenvolver armas nucleares que serão usadas para derrotar a Alemanha Nazista.
Entretanto, quando a Alemanha se rende em 1945 parte do grupo se questiona se o projeto ainda seria necessário.
As pesquisas continuam e a primeira bomba atômica é testada no deserto do Novo México. Stan se recusa a presenciar a explosão e entra em uma vertente de dúvidas e questionamentos morais e filosóficos. O fato de ter uma filha recém nascida também pesa em suas decisões.
Os ataques à Hiroshima e Nagasaki causaram grande pesar na equipe, que se sente responsável pela morte de civis inocentes. Na ânsia de acabar com a guerra não levaram em conta as amplas consequências de seu invento.
Há, porém, no grupo um fervoroso defensor da construção da Bomba de Hidrogênio, Edward Teller (Joel Basman).
A súbita notícia da morte da irmã, o desaparecimento dos pais e os problemas do irmão desestruturam o psicológico de Stan, que se vê entre a cruz e a espada.
Imagem cedida pela A2 Filmes
A bomba de hidrogênio garante o futuro de nossos filhos.
O filme é lento e pesado como o próprio tema e a trilha sonora enfatiza o quadro, transmitindo todo tormento enfrentado por um gênio, que não se enquadra nos padrões e precisa conviver com as decisões tomadas. A doença do melhor amigo Johnny von Newman (Fabian Kociecki), exposto à radiação, marcam ainda mais o já tão sofrido cientista. O drama existencial, as consequências éticas e os dilemas de Stan são muito bem retratados na película pela performance comovente do solitário e taciturno Tlokinski.
Uma lição de História sobre o drama e o impacto causado na vida do desenvolvedor da mais letal arma já criada pelo homem, contado sob a perspectiva do próprio Ulam.
A produção estreou no Festival de Cinema de Palm Springs e segue ganhando fãs pelo mundo. Chega agora ao serviço de streaming distribuído pela A2 Filmes.
Excelente dica para os amantes de História.
Ao meu redor só há cinza e morte!
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