18.10.21

Infância

Infância || Disponível no Petra Belas Artes à La Carte
Crítica por Helen Nice

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

Comédia dramática nacional de 2015, baseada na peça "Do fundo do lago escuro", com roteiro e direção de Domingos de Oliveira, fez parte da 43º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e chega agora ao cardápio do Petra Belas Artes à La Carte. No elenco estrelado temos: Fernanda Montenegro (D. Mocinha), Clemente Viscaino (José), Priscila Rozembaum (Conceição), Paulo Betti (Henrique), Ricardo Kosovski (Orlando), Maria Flor (Prof. Adalgisa), Raul Guaraná (Rodriguinho), Lucca Valor (Ricardinho), Nanda Costa (Iracema), Fernando Gomes (Manoel), José Roberto Oliveira (Pinheiro). 

Vamos acompanhar um dia na infância do garoto Rodriguinho, com todo glamour e requinte dos anos 1950 no Rio de Janeiro, em um casarão tradicional da família brasileira de classe média alta. Rodriguinho era o neto preferido do avô. O bom garoto, que traumatizado com a escola, está sendo educado em casa, tendo aulas particulares com a Prof. Adalgisa. Sério e com atitudes e discursos adultos para sua idade, sua maior preocupação naquele dia agitado era descobrir o paradeiro de sua cachorrinha de estimação. 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

Sua avó, D. Mocinha, rígida matriarca, administra com olhar atento o andamento da família. Para ela, todos deveriam respeitar o dia do aniversário do falecimento do avô, Sr. José, e estar presente para lhe fazer companhia. Ela preserva conceitos tradicionais de hierarquia familiar e tece comentários de como a mesa era cheia nos velhos bons tempos e agora todos lhe abandonaram. Tudo acontece sob a perspectiva do aguardado momento de ouvir os discursos do jornalista político Carlos Lacerda, no enorme rádio que ocupa posição de destaque na imensa sala bem decorada. São momentos de imensa de tensão, que precedem a queda de Getúlio Vargas. 

Rodriguinho é filho de Conceição, filha prendada que faz os gostos da mãe. Casada com Henrique, rapaz pobre que entrou para a família e, como procurador, administra o patrimônio de D. Mocinha. Entretanto, Henrique esconde algumas falcatruas que irão abalar aquela tarde em família e revelar os problemas financeiros atuais. Além dos criados, Iracema e Manoel, ainda estão na casa o tio Orlando, boa vida e mulherengo, que depende da mãe, e seu filho Ricardinho, garoto com atitudes indecentes, que causa problemas para os pais. Chega também para passar a tarde o velho amigo da família, Sr. Pinheiro. 

A personagem principal, D. Mocinha, foi inspirada na avó do diretor, D. Eugênia, conhecida como D. Sinhá. O diretor afirma que "trata-se de um filme extremamente pessoal e todos os personagens revisitam pessoas de minha infância." Fernanda Montenegro está perfeita no papel, dosando na medida certa drama e humor. D. Mocinha é autoritária e doce à sua maneira. Sua vontade, acima de tudo, é manter a união da família. Bons cenários, figurinos e trilha sonora nos levam de volta ao Rio dos anos 1950. Temos uma excelente análise das famílias tradicionais, que presavam por manter as aparências, cultivando a fachada de "família feliz" acima (e apesar) de qualquer coisa. Ótima diversão!

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