23.7.21

Um Triângulo Diferente

Um Triângulo Diferente || Disponível no Belas Artes À La Carte 
Crítica por Helen Nice 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

Nossa dica desta semana é um drama clássico, ambientado em Boston, pós Guerra Civil, entre os anos 1875 e 1876. Baseado no romance de Henry James, com roteiro de Ruth Prawer Jhabvala, sob a direção do aclamado James Ivory, tem no elenco nomes de peso como Vanessa Redgrave, Madeleine Potter e o saudoso Christopher Reeve, meu eterno Superman. 

Um Triângulo Diferente conta a história de Verena Tarrant, uma brilhante e bela jovem ativista do Sufrágio Feminino, um movimento feminista emergente que defendia ativamente os direitos iguais, oportunidades iguais e privilégios iguais entre homens e mulheres. Verena é assessorada por seu pai, Dr Tarrant (Wesley Addy), um médico um tanto quanto charlatão, que usa de "poderes sobrenaturais" para ludibriar seus pacientes. Em uma demonstração pública para uma plateia seleta da alta burguesia, entram em cena o sulista Mr. Basil Ransom e sua prima, a líder intelectual Olive Chancellor. 

Enquanto Mr Ransom tem uma postura firme e arraigada na cultura do sul do país, contrário à igualdade de direitos femininos, Olive é uma forte defensora da causa, porém não acredita que tenha o poder de articulação para usar sua voz e convencer as massas em prol do movimento. Sendo assim, Olive se encanta com o discurso eloquente de Verena e usa seu poder financeiro para convencer seu pai a deixá-la sob seus cuidados. 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

Vanessa Redgrave está perfeita no papel da senhora lésbica, interessada na jovem Verena, que não diz que sim, nem que não às suas leves insinuações. Tudo fica subentendido e discreto, como era permitido na época. Por outro lado, Verena não tem segurança em seus sentimentos e começa a cair na lábia do bonitão sulista que tenta conquistá-la e minar suas convicções libertárias a fim de colocá-la de volta na caixinha dos moldes tradicionais. Neste panorama, Verena é apenas uma peça, usada por todos a seu bel prazer. Outros dois excelentes papéis ficam à cargo de Linda Hunt como a Sra Birdseye, uma idosa que vê com bons olhos as mudanças que despontam no horizonte, e Jéssica Tandy como a Dra Prance, enfermeira e companheira fiel, pontuando sempre sabiamente sobre o assunto. 

Preste atenção redobrada no figurino e nos detalhes da ambientação, que são primorosos. A abordagem sobre os direitos das mulheres e principalmente às mulheres lésbicas é um fato bem inusitado para um romance de 1800. Henry James foi um progressista e visionário para a época. Um filme ainda atual, mesmo nos dias de hoje. Vale conferir! "Nós somos o coração da Humanidade. Tenhamos a coragem de insistir nisso!"

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