Irmãos à Italiana || Estreia em 22 de julho de 2021
Crítica por Marcelino Nobrega
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Este filme fala de memória, amizade e sofrimento. Contado a partir do ponto de vista de uma
criança traumatizada, não espere muita lógica ou credibilidade, é quase uma fábula infantil
sobre amizade, mas baseada na realidade da própria infância do diretor italiano Claudio Noce,
nos tenebrosos Anos de Chumbo da Itália.
Ambientado na década de 1970, numa Itália em convulsão por causa de atentados terroristas,
mostra uma família amorosa composta por pai, mãe, um filho de 10 anos e uma caçula de uns
6 anos. Este filho de 10 anos Valerio (Mattia Garaci) é o condutor da estória e ele vê o pai
Alfonso (Pierfrancesco Favino) ser alvo, na frente de sua casa, de um atentado terrorista.
Neste tiroteio, o pai é alvejado várias vezes e um dos terroristas também é ferido, morrendo
na frente da criança.
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Obviamente, a criança fica traumatizada e, em meio a crises de pânico, ele começa a misturar fantasia e realidade, ficando muito amigo de um adolescente Christian (Francesco Gheghi), que aparentemente só ele está vendo, pelo menos no início da trama. Este é um dos motes do filme, não sabemos o que é fantasia e realidade, quem é real ou quem é imaginário. Esta situação cria um certo suspense, pois começamos a desconfiar desse amigo imaginário, dessa aproximação súbita, do interesse pela família.
Como fábula infantil, ao filme falta a contextualização do que acontecia na época, ficou
faltando no roteiro esta introdução histórica. É importante frisar que na década de 1970,
estávamos em plena guerra fria, os EUA capitalista contra a União Soviética comunista, e todos
os países do mundo eram palco dessa escaramuça. Na Itália tínhamos um governo capitalista,
do qual essa família fazia parte, e vários grupos de esquerda que cometiam atos terroristas por
todo o país. Isso gerou uma época de muito medo e instabilidade, os Anos de Chumbo.
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Quando a família muda de residência atrás de segurança e sossego e vai para a casa dos avós,
o adolescente vai atrás também, chegando de repente na casa e passando a ser visto por
todos, sendo acolhido por eles. A situação fica muito estranha. Quem é ele? O que ele quer?
Cadê seus pais? Esta amizade é genuína? Entram aí os problemas de lógica no roteiro, como os
guarda-costas permitem esta aproximação, como os pais permitem a entrada deste estranho
nas suas vidas, como ninguém desconfia dessa aproximação tão repentina, em momento tão
perigoso.
Estreia confirmada nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Salvador, Brasília e Curitiba em 22/07, distribuído pela Pandora Filmes, essa visão nostálgica de
uma amizade calorosa em épocas difíceis é encantadora. Até onde pode ir a política? Até onde
chegam as amizades nestas épocas de conflito? Lembremos que atualmente passamos por isso
aqui no Brasil, onde as polarizações políticas destruíram muitas relações. Assistam e reflitam!
Nota 6,5/10.
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