28.7.21

Slalom - Até o Limite

Slalom - Até o Limite || Disponível nos cinemas 
Crítica por Helen Nice

Imagem cedida pela BranComunica

Slalom está em cartaz nos cinemas, que seguem à risca os cuidados de higiene e distanciamento durante a Pandemia. É um filme forte e chega em um momento bem significativo, quando o mundo todo volta seus olhos para os Jogos Olímpicos e seus atletas de alto rendimento. Entretanto, Slalom mostra um outro lado do esporte, muito mais perigoso e obscuro. Nos faz refletir até que ponto vai o comprometimento dos atletas para suportar as pressões dos treinos, as cobranças psicológicas e o limite entre o aceitável e o excesso, no que se refere à integridade física, em nome de marcas de aproveitamento que seriam compensadas por uma medalha. A saúde física e mental vale tal esforço? 

a trama, Fred (Jeremy Renier) é um ex-atleta que foi afastado do esporte devido a uma lesão e traz marcas profundas por não ter atingido seus objetivos. Um fato que o faz perpetuar erros do passado. Ele treina futuras promessas e tem como objetivo agenciar uma atleta de elite que chegará às finais da Taça da Europa no esqui competitivo nos Alpes franceses. Ele é bem apessoado, carismático e tem a fama de "pegar pesado" nos treinos. Chega à sua equipe a novata Lyz Lopes (Noee Abita). Menor de idade, com apenas 15 anos, Lyz vê no esqui seu único objetivo de vida. Com grande potencial, lhe falta treino e experiência. Sua mãe, Lilou (Marie Denarnaud) se esforça para arcar com um esporte tão caro e para isso assume um novo emprego em Marselha. 

Imagem cedida pela BranComunica

Lyz fica por conta própria em uma espécie de internato que une ensino médio e treinamento. Sem supervisão familiar e em um ambiente extremamente competitivo, a jovem enfrenta seus primeiros desafios. Lyz é obrigada a encarar uma rotina exaustiva de treinamento para se preparar para as competições, enquanto luta para manter boas notas no ensino regular. A pressão é cruel, mas rende frutos e a jovem começa a se destacar. Porém o desamparo familiar, as cobranças por performance, o peso emocional por saber que sua vida depende do esporte e dos estudos e o isolamento em um ambiente frio e impessoal são demais para suportar. Como ficaria a cabeça de uma adolescente?

Frágil e carente, Lyz se torna alvo fácil de um treinador sem escrúpulos. Ele tem controle sobre sua vida, seus treinos, horários, peso e até seu ciclo menstrual. A jovem bonita o atrai e ele nem respeita a mulher que vive e trabalha com ele, e que aparentemente tem conhecimento de casos anteriores. O abuso sexual rende cenas tórridas e de um sofrimento indescritível. Os protagonistas nos passam toda tensão e emoção da situação. O roteiro potente da estreante e co-roteirista Charlène Favier traz a visão dolorosa e muito íntima de alguém que esquiava competitivamente e teve más experiências reais. As cenas de esqui são incríveis e o visual impressionante. Fotografia belíssima, em um jogo de luz e cor deslumbrante. Os Alpes em toda sua beleza ímpar. 

O filme traz à luz um assunto desconfortável, porém necessário no que diz respeito ao consentimento, aprender a "dizer não", identificar relações tóxicas, assédio, manipulação e abuso, seja nos esportes ou em qualquer outro aspecto da vida. É preciso falar a respeito, denunciar e principalmente, saber identificar que o abuso pode ocorrer em qualquer lugar ou situação, mesmo entre aqueles que deveriam zelar e proteger. Um drama notável que merece ser visto.

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