Laços || Disponível nas plataformas digitais
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Atômica Lab
O romance "Lacci" de Domenico Starnone ganhou roteiro do próprio autor, juntamente com Francesco Piccolo e Daniele Luchetti, que dirige o filme.
No elenco temos: Alba Rohrwacher (Vanda), Laura Morante (Vanda jovem), Luigi Lo Cascio (Aldo), Silvio Orlando (Aldo jovem), Linda Caridi (Lydia), Giovanna Mezzogiorno (Ana), Adriano Giannini (Sandro).
O drama familiar, Laços (The Ties) é ambientado nas cidades de Nápoles e Roma, no início dos anos 1980, quando o jovem casal Aldo e Vanda, com dois filhos pequenos Ana e Sandro, encaram uma crise no casamento, que até então parecia correr bem. A tragédia foi que Aldo, radialista literário da Rai, revelou um caso extraconjugal com Lydia, sua colega de profissão.
O casal, então, se separa e Aldo vai viver com a amante.
Os filhos ficam divididos no meio do conflito. Vanda entra em profunda depressão, chegando a atitudes extremas.
Os laços que uniam aquele casal eram inquebrantáveis, apesar de não existir mais amor.
Não é apenas uma questão de amor, é uma questão de lealdade.
Imagem cedida pela Atômica Lab
Entre o pai ausente e os filhos só havia em comum a forma estranha de amarrar os sapatos. Lydia percebe que os laços de Aldo com a família ainda não haviam se rompido totalmente, restavam cicatrizes abertas que interferiam na nova relação. Ela abre mão de seu relacionamento e o manda de volta.
Anos depois, com o casal já na casa dos 60 anos, ainda vivem juntos. Os laços agora são de rancor, vergonha, desonra, como bem define o nome dado ao gato da família. Um pacto de silêncio sobre o passado, como se nunca tivesse acontecido, e a vida é empurrada com a barriga. Os filhos agora já adultos, também arcaram com as marcas da relação conturbada.
Vidas desperdiçadas!
Porém a invasão do apartamento, quando o casal estava viajando, traz de volta lembranças de um passado turbulento e de conflitos conjugais que já duram 40 anos.
A narrativa alterna passado e presente, completando alguns eventos até então desconhecidos.
Na parte final da película, o foco recai sobre os filhos revelando toda mágoa e ressentimento de uma vida.
A fotografia é muito boa, principalmente nos anos 1980, muito bem construído.
Um filme extremamente reflexivo, sobre relações familiares tóxicas em uma época que o divórcio não era algo comum. Manter um casamento infeliz era o preço a se pagar, gerando traumas e rancores.
Laços abriu o 77º Festival Internacional de Veneza e foi também exibido na última edição do Festival de Chicago.
Chegando hoje (09/07) nas plataformas digitais para compra e aluguel, distribuído pela Synapse Distribution.
Para viver junto, é preciso falar pouco. Apenas o indispensável! Ficar calado a maior parte do tempo.
Postar um comentário