Os melhores anos de uma vida || Estreia dia 24 de junho de 2021
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Seguindo com a história iniciada com "Un Homme et une Femme" (1966), vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro, seguido por "Un Homme et une Femme - 20 ans déjà" (1986), chega esta semana aos cinemas "Les Plus Belles Années d'une Vie", obra sensível do diretor Claude Lelouch, que marcará a reabertura do Petra Belas Artes no dia 24 de junho.
A película nos presenteia com os mesmos personagens do clássico e a comovente história de amor entre Jean-Louis Duroc (Jean-Luis Trintignant) e Anne Gautier (Anouk Aimée), 50 anos mais tarde.
Apesar de serem os mesmos atores interpretando os mesmos personagens, o diretor Lelouch não considera sua obra como uma sequência, a medida que consegue envolver e conquistar até mesmo aqueles que não assistiram aos anteriores.
Um filme que nos faz refletir sobre o passar do tempo e as lembranças que ficam, sempre melhoradas quando passadas pelo crivo da memória.
Como lidar com os dolorosos esquecimentos típicos da idade? O amor envelhece, as pessoas envelhecem, e será que estaremos preparados para este fato?
Neste roteiro temos o ex piloto Trintignant, agora envelhecido e doente, preso à uma cadeira de rodas, morando, ou como ele mesmo faz questão de frisar, esperando pela morte, em uma luxuosa casa de repouso. O melhor do pior, segundo ele.
Amargurado, ele diz que "a morte é o preço que se paga por viver".
Quase sempre alheio à realidade a sua volta, perdido entre sonhos e algumas poucas lembranças.
"Ninguém nunca morreu de overdose de sonhos" diz.
"Os melhores anos da vida de alguém são os que ainda estão por vir." Victor Hugo
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Seu filho Antoine (Antoine Sire) preocupado com o estado do pai, vai a procura da mulher que seu pai amou, na esperança de que ela possa ajudá-lo em sua recuperação.
Encontra Anouk ativa e bem disposta em seus 87 anos. Ela envelheceu muito bem.
O reencontro entre os dois idosos faz renascer antigos sentimentos, fragmentos de memórias mesclados com sonhos e devaneios. O amor pode ser imortal, mas a convivência e o diálogo já não são tão fáceis. O homem quase nem reconhece a mulher que foi o amor de sua vida.
Misturando imagens do filme de 1966 com cenas recentes, o roteiro cria um clima de nostalgia e rara beleza. O jogo cinematográfico entre passado e presente é cativante e a sobreposição de imagens em preto e branco com cenas coloridas tornam a obra bem interessante.
Um fato inusitado, ter um filme que conseguiu reunir o mesmo casal de protagonistas e seguir a história iniciada 50 anos antes.
A trilha sonora, com a canção de Francis Lai e Calogero, entre outras, é bela e envolvente.
Mas o filme também é bem triste ao mostrar o que resta de um relacionamento quando o corpo já não é mais jovem e a mente já não corresponde.
Os mais românticos se encantarão com a imortalidade do amor e as doces lembranças dos melhores anos da vida. Os mais realista sofrerão com a amargura do envelhecimento.
Assim é a vida!
"Se você só falar sobre a sua felicidade, ninguém dá a mínima.
As pessoas só gostam das desgraças alheias."
Postar um comentário