18.6.21

Correndo Atrás

Correndo Atrás || Estreia dia 19 de junho de 2021 no Telecine Premium 
Crítica por Helen Nice 

Imagem: Reprodução

Dia do Cinema Nacional e a Rede Telecine não poderia comemorar de maneira mais espetacular! Após ter sido apresentado, e bem recebido, em Festivais pelo mundo, chega à Plataforma na Première Telecine essa comédia que inaugura uma bandeira no cinema brasileiro ao ser a primeira obra escrita, dirigida, produzida, representada e com toda equipe por trás das câmeras formada por profissionais negros. Um filme pioneiro, que vem provar o talento do Cinema Nacional. Baseado no livro "Vai na bola, Glanderson" escrito por Hélio de La Pena, que faz uma participação especial no filme e também divide o roteiro com o diretor Jefferson De. No elenco temos ainda Ailton Graça, Juliana Alves, Juan Paiva, Lázaro Ramos, Lellê, Rocco Pitanga, Teka Romualdo, Francisco Gaspar, Tonico Pereira, Nicole Bahls

Na história, que marca sua estreia como o protagonista, Ailton Graça é Ventania, um típico trabalhador informal brasileiro ou, como ele próprio se define, um empresário das ruas no setor de eletroeletrônicos. Ventania se vira como pode, fazendo pequenos bicos para conseguir uns trocados e honrar a pensão alimentícia de seu filho. Jurema, a mãe da criança, representa a mulher brasileira que batalha sozinha para criar o filho. Aquela mãe que defende sua cria com a garra de uma leoa, que encara desafios e transforma o mundo. Mas também aquela mulher que acolhe seu homem por amor, sem depender dele. 

Segundo o próprio Hélio de la Pena, dito em entrevista coletiva, o diretor Jefferson ampliou as questões abordadas no livro, dando mais poder às mulheres da obra. Há personagens marcantes como a avó, figura importante na criação de Glanderson ou a filha do vilão Romero, que enfrenta o pai para defender seu amado. Com a corda no pescoço, já devendo alguns meses de pensão, Ventania tem a ideia infalível de se aventurar no mercado futebolístico e se tornar um empresário internacional. Nasce o Projeto Menino de Ouro e ele sai à caça de algum grande talento. É quando conhece o garoto Glanderson, que faz maravilhas com a bola, apesar de lhe faltarem alguns dedos em um dos pés. Ventania vai recorrer aos amigos para dar asas ao seu sonho, contando com a ajuda do velho companheiro das peladas da juventude, Berinjela, que está mais para um amigo da onça. 

Imagem: Reprodução

O filme traz a característica família negra brasileira, retratada através de um roteiro universal e atemporal. São personagens de carne e osso, que batalham para sobreviver, seja encarando o mercado informal ou vendendo quentinhas na comunidade. É a versatilidade do povo, sempre correndo atrás de seus sonhos, sem perder o bom humor. O filme não se propõe a discutir questões raciais e sim apresentar um fato existente. Rodado em Muriaé, a cidade se tornou uma personagem em si, ao representar tão bem o subúrbio carioca. A direção de fotografia assinada por Cristiano Conceição entrega imagens primorosas. 

Há diversas referências espalhadas estrategicamente na trama que homenageiam grandes personalidades negras. Uma história leve, alegre, divertida, que mostra que a vida nas periferias vai muito além do crime e tráfico comumente retratados. Há também o lado humano, a rotina do dia a dia, a união da comunidade e o encanto da celebração entre amigos. Destaque para a cena do samba e feijoada, marca registrada do Rio de Janeiro. Uma delícia de ver a ouvir. A direção musical ficou a cargo do rapper BNegão. Correndo Atrás chega no momento oportuno, fazendo o público refletir sobre a necessária valorização do profissional negro e da importância nosso cinema como um todo. Merece ser prestigiado. Viva o Cinema Nacional!!

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