16.6.21

A Boa Esposa

A Boa Esposa || Estreia dia 17 de junho de 2021 
Crítica por Helen Nice

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

O movimento de Maio de 1968 na França ficou conhecido mundialmente por ter sido marcado por greves e ocupações estudantis, sendo lembrado como uma época de grandes mudanças nos valores, acompanhado pelo aumento da força de uma cultura mais jovem e da emancipação da mulher. A nossa história se passa um pouco antes, em 1967, no interior da Alsácia, já dando indícios das mudanças comportamentais que iriam surgir. 

Paulette Van Der Beck (Juliette Binoche) e seu marido Robert Van Der Beck (François Berléand) administram um tradicional colégio interno para meninas, que as prepara para desempenharem com maestria, e a devida submissão, o papel de esposas perfeitas. Para passar todo esse conhecimento e prática, a escola conta com a ajuda de Gilberte (Yolande Moreau), a irmã boazinha e solteirona de Robert, e da irmã Marie- Thérèze (Noémie Lvovsky), recatada e tempestuosa. As três mulheres se empenham de todas as maneiras para agradar e suprir as necessidades do homem da casa, considerado um exemplo de marido. Será?? 

Imagem cedida pela Sinny Assessoria

O roteiro do próprio diretor em parceria com Sevérine Werba nos situa muito bem na forma antiquada como as garotas eram treinadas para serem boas esposas. Deveriam seguir os pilares de boa conduta, o que incluía desde saber passar uma camisa de forma impecável, até regras de como administrar o dinheiro que o marido forneceria ou saber escolher as flores adequadas para bem receber seu homem. Todas as aulas visavam servir e satisfazer seus futuros maridos, que provavelmente seriam escolhidos por seus pais. O filme mostra também a amizade que se forma entre as alunas e tem boas histórias paralelas que não são muito exploradas. As dúvidas em relação à vida e ao primeiro ato sexual, os questionamentos típicos da idade, suas tristezas e incertezas. A revolta por ter que se casar com um marido arranjado e até as primeiras descobertas de sentimentos entre duas meninas. 

Durante uma refeição festiva, quando iriam degustar um prato especial preparado com todo carinho por Gilberte, um incidente inesperado muda todo panorama de vida das três mulheres e suas alunas. Repentinamente, Paulette se vê obrigada a assumir a direção e as dívidas que seu marido, viciado nos cavalos, deixou como herança. Ao procurar o gerente do banco André Grunvald (Edouard Baer) para solucionar seus problemas, a recém viúva se depara com um amor da juventude. Ao ceder às investidas românticas do amor do passado, Paulette percebe quanto tempo perdeu acreditando naquelas bobagens de "boa esposa" e o quanto sua escola já não faz mais sentido diante de tantas mudanças. A partir dessa guinada de pensamento, a trama toma outro rumo. 

A comédia romântica toma ares de musical com uma interessante cena ao estilo "la la land", com imagens aéreas das coreografias e músicas animadas. Sem dúvida, o filme termina de uma maneira bem original e inusitada, o que pode não agradar a todos. Eu, particularmente, achei bem interessante. Um filme fofo, com fotografia bem agradável, que traz a mudança de uma época de uma forma leve, alegre e irreverente. Não se propõe a fazer uma análise sobre essas mudanças, apenas pontuá-las. Uma divertida comédia francesa. Assista sem grandes expectativas, apenas a vontade de se divertir! Prepare a pipoca!!

Uma boa esposa foca nos afazeres da casa para não ceder às tentações. 
Mãos ocupadas, maus pensamentos afastados.

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