8.4.21

Fuga

Fuga || Disponível aqui 

Imagem: Reprodução

Chegando ao Brasil, após passar pelo Festival de Sundance, logo no inicio do ano, e sair ganhador do 'Grande Prêmio do Juri' na categoria de 'Cinema Mundial - Documentário', o longa que abre esta edição do 'É Tudo Verdade', Fuga, de Jonas Poher Rasmussen, é de uma beleza sem tamanho e exala delicadeza, apesar das questões dramáticas que nele são abordadas. Aliás, Rasmussen faz com maestria que o espectador fique atento a cada passo da jornada de Amin e a toda dor que ele e sua família passam ao ter que deixar às pressas a sua terra natal, o Afeganistão. A produção do filme é dos atores Rhiz Amed e Nikolaj Coster-Waldau e também de Hayley Pappas, Matt Ippolito, Philippa Kowarsky, Jannat Gargi, Danny Gabai e Natalie Farrey. A narração extra (voiceover) é feita por Rashid Aitouganov

O filme joga na tela a extraordinária história real de Amin Nawabi, um homem que aos trinta e poucos irá se casar, porém ainda precisa lidar com o que lhe aconteceu no passado para não se desequilibrar no presente. Uma atitude que pode fazê-lo também refletir sobre o futuro que pode vir a construir com seu parceiro, pois Amin teve sim um caminho trágico e de muita luta até alcançar um bom nível de educação acadêmica e estabilidade.

Usando técnicas distintas de animação, Rasmussen começa a contar a história de seu amigo a partir de uma pergunta: “O que é casa para você’’?. Amin responde que ‘casa é um lugar seguro. Àquele que você sabe que pode ficar e que não precisará fugir’. Dali, o diretor pede ao homem que nos diga a primeira memória que tem da infância. Logo, ele responde que aos quatros anos perambulava por Cabul usando um vestido e ouvindo música. Morava com a mãe, as irmãs e o irmão e que seu pai foi levado preso durante a tomada de poder no Afeganistão pela Unidade Islâmica do Mujahidin. Não demora e Amin pede para parar a gravação, ele está deitado contando a história como se estivesse falando com um terapeuta. Diz então que precisa de tempo para falar do pai. Nesse momento, Rasmussen o tranquiliza e confirma que tudo será no seu tempo. É quando começam a falar de como se conheceram e dos tempos de escola. 

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Na sequência, temos uma mudança de cenário e vemos que o afegão encontra seu diário e inicia a leitura. Com escrita do seu primeiro idioma e um pouco inteligível, afinal ele marcou aquele papel quando chegara a Dinamarca criança, sabemos da tragédia da morte de seu pai e outras tantas acontecidas a seus irmãos e mãe. Todavia, parte do que ali está escrito tem razão e motivo para e é explicado pelo protagonista, mais a frente, que foi a forma que este encontrou para não ser deportado e voltar a correr risco de morte. 

Amin fugiu para a Rússia com a família e teve ajuda do irmão mais velho para se manter por um tempo até que conseguissem entrar clandestinamente na Suécia, onde um dos irmão já vivia. Ao passo que suas irmãs conseguem ir, ele fica com o irmão do meio e a mãe para trás e embarcam em aventuras horrendas para fugir dali. Isto porquê a dita ‘Rússia comunista’ não tratava ninguém bem. A economia estava falida, tanto quanto a sociedade, e a polícia era corrupta a ponto de se aproveitar das minorias diariamente. Avulso a toda essa dor de não ter um lar para chamar de seu, o garoto a cada dia descobria mais e mais a respeito de sua homossexualidade. Tinha um crush pesado no astro de ação Jean-Claude Van Damme desde muito pequeno e sempre teve horror a perguntas dos irmãos sobre possíveis namoradas. 

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Sabemos então que a caminhada de Amin desvia de destino durante outra tentativa de fuga através do pagamento a traficantes humanos e é quando ele vai parar na Dinamarca e onde tem de lutar para se manter, pois não conhece ninguém no lugar e sequer fala a língua dali. Por estarmos ouvindo o homem já mais velho e até conhecermos os passos de sucesso dele já adulto, o coração vai ficando quentinho e cheio de esperança por dias de paz e glória na vida de Amin. E mesmo que outros tipos de dificuldades se ponham no caminho dele em outras fases, sente-se que ele tem direito a seu final feliz e a resolução de seus traumas.

A trilha sonora de Uno Helmersson nos coloca em um mundo muito real e toda ela ajuda a produção a caminhar, até mesmo as canções musicais que aparecem vez ou outra simbolizando a época em que cenas se passaram (ouvimos a maravilhosa Take On Me, do A- há, ao decorrer do primeiro ato). Edição trabalha junto a narração que se sonoriza pela película e os traços do desenho não podiam ser mais incríveis. Uma trajetória dura, mas que também teve conquistas. Imperdível! Assista às 21 horas, nesta quinta-feira (08), no É Tudo Verdade!, através do LOOKE.

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