O Livro dos Prazeres || Estreia no Belas Artes Drive In dia 4 de novembro
Crítica por Bárbara Kruczynski
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
O filme, dirigido por Marcela Lordy, adapta livremente a obra de Clarice Lispector ‘’Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres‘’, lançada ao fim dos anos 60, para os dias atuais e é um dos longas selecionados para a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A co-produção entre Brasil e Argentina pode tanto ser assistida na plataforma da mostra como na exibição que ocorrerá no Belas Artes Drive In na próxima quarta-feira (04).
Claramente ela não quer ser cobrada pela sociedade por não ser casada ou mãe, mas quer sim conseguir fechar os olhos a noite e saber que venceu seus medos e soube seguir caminhando sem dores e tristezas. Ela, obviamente, tem uma jornada até chegar este ponto e quando ele chega revela que o início de tudo está ali no ultrapassar das fases.
Lori é a todo momento instigada por um professor (Drolas) maluco por ela, mas que entende que ela não está pronta, afinal, ele sabe que ela pode mais, mas talvez Lori ainda não acredite nisso. A mulher chega a se irritar com diversas conversas entre eles, todavia, a atração entre eles é impulsiva e tem seu ápice ao fim do longa.
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Simone Spoladore nos entrega uma uma mulher contemporânea e estimulante. Tem beleza real e não nos engana, pois não se mostra superficial. É opiniosa e quer que àqueles que com ela aprendem tenham ferramentas e conteúdo. Talvez exagere por uma pequena porcentagem, mas caminhar pela vida sem falhar não é algo que necessariamente ela procura. Seus diálogos com o maravilhoso Javier Drolas nos deixam atentos e a química entre os dois reconhecemos só no olhar. Drolas, inclusive, sempre que entra em cena, mesmo que ainda não tenha um português inteligível, nos tira do lugar e chama muito a atenção. Seu personagem é libertinoso, bissexual, um cadinho arrogante, mas ultra interessante e necessário para as motivações de Lori. A mulher também tem a aclamação do filho da amiga, para quem dá aula, e seu irmão vive a pedindo para não perderem o contato, mas esta sente que sua vida em um apartamento herdado no Rio é mais frutífera que na antiga casa da família.
A direção da estreante Lordy faz com que entendamos esta mulher e sua vontade de prazer, de cura, de estar na sua. Temos uma câmera amiga e não julgadora. O texto, que também é assinado por Lordy em parceria com a argentina Josefina Trotta, lembra bem os livros de Clarice e seu jeito auto questionador. Um roteiro que narra a vida de uma mulher depois dos 30 e que não fere sua imagem, pelo contrário. Nos ensina a vê-la.
Postar um comentário