A Pior Pessoa do Mundo

A Pior Pessoa do Mundo || Estreia dia 24 de março de 2022 

Crítica por Marcelino Nobrega 

Imagem cedida pela Diamond Films

A Pior Pessoa do Mundo somos nós. Pessoas falhas que tomam decisões complicadas e que podem magoar os outros. A vida é assim: as ações têm consequências. Com essa verdade inconfundível, o diretor Joachim Trier realizou um dos melhores filmes de 2021, ganhador do prêmio de melhor atriz em Cannes 2021 para Renate Reinsve e indicado ao Oscar 2022 nas categorias de filme estrangeiro pela Noruega e de roteiro original pelo diretor e Eskil Vogt. 

Julie (Renate Reinsve) abandona Aksel (Anders Danielsen Lie) para ficar com Eivind (Herbert Nordrum). É uma estória bem comum, certo? A maneira de contá-la é maravilhosa. O roteiro brilha com um frescor e originalidade incríveis, a sua indicação ao Oscar de roteiro é merecidíssima. Cenas encantadoras vão se sucedendo nesse filme de duas horas. Obviamente não soltarei spoilers, mas sequências que te fazem rir e chorar ao mesmo tempo são raras de se assistir no cinema. E são várias... 

Imagem cedida pela Diamond Films

O diretor Joachim Trier lembra o cineasta francês François Truffaut. Esse amor por personagens falhos, inseguros, comuns, que era característica do Truffaut, está presente também nesse realizador norueguês. Trocamos as ruas de Paris pelas avenidas de Oslo e os existencialistas da segunda metade do século XX pelos millenials e suas redes sociais na internet, mas é impressionante como os problemas do coração continuam os mesmos. 

Nas várias opções que a vida oferece, Julie está perdida. Não sabe com quem namora ou no que trabalha. Conhece o desenhista de quadrinhos, mais velho, Aksel e apaixona-se perdidamente, indo morar com ele. Enquanto isso trabalha como atendente em uma livraria. Um dia, tem uma crise existencial e conhece o jovem atendente de cafeteria Eivind. Toma a opção de abandonar Aksel para ficar com Eivind. Uma ação que gera consequências e faz pessoas sofrerem. Algum tempo depois, Julie ouve notícias de Aksel e nova crise existencial tem início. 

Essa estória que poderia se desenrolar com qualquer um dos espectadores vai sendo contada de uma maneira emocionante. Você ri, você chora, ri e chora ao mesmo tempo, é um roteiro muito tocante e te faz pensar na vida. A existência são escolhas, que podem fazer os outros sofrerem e, usando uma expressão bem comum hoje em dia, “tá tudo bem!”. Somos falhos, o que nos torna humanos! Somos também as piores pessoas do mundo! Assistam esse belo filme que estreia hoje nas telas de cinema e se emocionem. Aventuras na alma humana são muito empolgantes e divertidas! Nota: 9/10.