Vivendo no Limite || Já disponível no Cinema Virtual
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pelo Cinema Virtual
O longa de estreia do diretor russo Aleksandr Gorchilin traça um perfil de uma sociedade que se perdeu no decorrer da História, abalada por tantos revezes políticos, deixando uma herança amarga para as gerações vindouras.
Nada é explícito, entretanto em uma determinada cena um artista explica sua obra - esculturas de líderes do regime são imersas em ácido. A peça corroída se transforma em arte. Tal qual o regime, algo inútil e corroído passa a ter valor e alguém paga por isso.
Hoje, passado e presente já não se conectam, as gerações atuais se veem imersas em um caótico vazio existencial preenchido por festas, drogas, orgias, embaladas por música ensurdecedora e danças frenéticas.
Uma geração que procura fugir da realidade exatamente por não ter com o que se preocupar. Jovens sem um propósito de vida, que receberam tudo pronto. Tentam se mutilar, se auto destruir para escapar da realidade insonsa.
Imagem cedida pelo Cinema Virtual
No roteiro, Sasha e Petya são exemplos dessa geração solitária, onde a vida não vale nada e a alternativa pode ser se atirar da sacada em uma viagem de drogas. Somente no enterro do amigo a dura realidade vem à tona. A mãe chorosa não conhecia realmente o próprio filho. Triste fato!
Vamos ver que Sasha tem um relacionamento conturbado com a mãe, que vive distante e tenta ser vegetariana e zen, com ares de saber tudo da vida. A avó que mora junto trata o neto como uma criança que ainda precisa ser cuidado, sem dar-lhe nem privacidade.
O rapaz que passou por uma circuncisão recentemente, sofre com as dores físicas e psicológicas do ato. Os amigos fazem comentários jocosos. Sexo é impraticável e isto afeta seu emocional.
O melhor amigo, Petya sofre um acidente quando ingere ácido propositalmente, causando queimaduras na boca.
Todos estes fatos abalam a vida fortemente.
O pai de Pete acusa o filho de apenas ter interesse financeiro, que, por sua vez, acusa o pai de negligência com a família. A mãe, exausta com a situação, prefere se abster e se distanciar ainda mais.
Famílias desestruturadas, que independente da classe social, apresentam os mesmos sintomas.
Ninguém está livre de sua parcela de culpa.
Uma "bad trip" de uma sociedade disfuncional, em um roteiro engenhosamente organizado como um quebra cabeça que vai tomando forma ou não, dependendo de como é visto.
Ironicamente, o filme é dedicado "às mães e aos pais", vítimas e algozes.
Confira no Cinema Virtual.
Se você quer pular, pule!
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