Crianças do Sol || Disponível nas plataformas digitais
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Atômica Lab
O cinema iraniano tem nos presenteado com obras notáveis. Um bom exemplo é "Crianças do Sol" (Khorshid).
O roteiro de Nima Javidi e Majid Majidi e direção do próprio Majid, cineasta apreciado no Irã, nos apresenta um drama denso e crítico sobre crianças refugiadas afegãs no Irã. Sem poder contar com apoio e suporte de suas famílias, esses menores precisam trabalhar duro, praticar pequenos furtos ou vender objetos nos trens para conseguir algum sustento.
Se valendo de atores infantis amadores, a obra transmite realismo e autenticidade.
Rouhollah Zamani como o jovem Ali, entrega um personagem autêntico, de olhar cativante, que com sua espontaneidade conquista nossa simpatia. Seus amigos Mani Ghafouri, Seyed Mohammad Mehdi Mousavi Fard, Abolfazi Shirzad e a comovente Sharmila Shirzad completam o elenco. Essas crianças perambulam pelas ruas, o que nos traz um panorama fotográfico muito bom do local, mostrando áreas destruídas em um ambiente insalubre.
São filhos de pais ausentes, encarcerados, dependentes ou falecidos. Só contam com a própria sorte para sobreviver. Uma realidade que não nos é desconhecida, infelizmente.
Embora encarem uma realidade cruel, crianças são sempre crianças e permanecem sonhadoras e cheias de imaginação.
Imagem cedida pela Atômica Lab
Se aproveitando desta inocência, um adulto explorador e mal intencionado se passa por amigo e convence Ali a acreditar em uma história sobre um tesouro escondido sob o cemitério local, próximo à escola. Se ele encontrasse o tesouro, ficaria com uma parte e seria sua chance de mudar de vida.
Para chegar ao tal tesouro, o garoto teria que cavar um túnel saindo do porão da escola. Mas para isso, ele e seus amigos teriam que se matricular e frequentar a escola.
Assim, as crianças entram para a Escola do Sol, uma instituição sem apoio, que conta com doações, que estão cada vez mais escassas.
Seu vice diretor, o professor Sr. Rafie (Javad Ezati) faz um belo trabalho de acolhimento de 280 refugiados. São menores expostos a todo tipo de problema social. Sua proposta é ensiná-los a lidar com a raiva para evitar atos criminosos e conflituosos.
Enquanto cava o túnel em busca do tesouro material, Ali e seus amigos vão descobrindo o tesouro mais valioso do mundo - a amizade.
Está montada uma trama envolvente!
O filme leva o público do riso às lágrimas. Há cenas fortes como a do corte dos cabelos da pequena garota, ou o olhar de cumplicidade entre o professor e Ali ou também a inesperada ajuda do zelador, Sr. Safar (Safar Mohammadi).
Um drama de superação com um final comovente.
A produção foi a escolhido pelo Irã na disputa pela vaga na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar de 2021.
Vale conferir.
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