Rashomon || Disponível no À LA CARTE
Crítica por Marcelino Nobrega
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Sangue, violência, sexo, lutas de espadas, aliado a uma estrutura narrativa sofisticada e
profunda, o clássico Rashomon do gênio Akira Kurosawa é um assombro, maravilha
indiscutível da sétima arte! Que prazer assistir este grande filme de 1950, influenciador de
centenas de filmes após ele! Cheio de viradas no roteiro, é aquele tipo de filme que você
assiste, se maravilha e fica pensando dias na estória.
Chovendo muito, três homens do Japão medieval refugiam-se num templo em ruínas e para
passar o tempo, começam a conversar sobre um crime bárbaro que aconteceu há alguns dias
atrás. Dois dos interlocutores, o monge e o lenhador, foram testemunhas no tribunal e o
camponês fica muito curioso em saber das novidades.
O bandoleiro da floresta Tajomaru, interpretado pelo ator ícone do Kurosawa Toshirô Mifune,
estupra a esposa de um samurai e o mata em seguida. A esposa Masako é vivida pela
excelente atriz Machiko Kiô e o samurai Takehiro pelo ator Masayuki Mori. Quando o
criminoso é capturado e levado ao tribunal para ser julgado, diferentes versões do ocorrido
são contadas e a cada uma delas, o roteiro dá uma reviravolta. Esta estrutura narrativa que
rapidamente muda seu ponto de vista, passando do bandido para a esposa do samurai e
depois para o fantasma do assassinado é uma delícia de se assistir, arrematado no final por
outro depoimento revelador, do qual não vou soltar o spoiler. Esse choque entre a verdade e a
mentira, entre a perfídia e a crueldade, cria diálogos filosóficos sobre a condição humana entre
os abrigados da chuva. Essa é a maravilha desse roteiro magnífico, temos várias camadas de
narrativa se superpondo e isso gera um filme ousado e inovador, que não envelheceu nada de
1950 para cá.
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
O trabalho dos atores principais é incrível! Toshirô Mifune, Machiko Kiô e Masayuki Mori, a
cada versão narrada, mudam a caracterização de seu personagem e essa metamorfose acaba
refletindo a realidade, onde nunca somos sempre os mesmos. O trabalho físico das
interpretações impressiona, a maneira como o gestual compõe o personagem e reflete as
alterações. Um dos prazeres de se assistir essa película é observar essas mudanças e verificar a
composição tão sofisticada dos personagens.
O trabalho de fotografia, como em todos os filmes do diretor, é belíssimo. Em preto e branco,
cada cena aproveita os contrastes da floresta e do templo, criando uma filigrana de luzes e
sombras magnífica. Nunca vi uma floresta tão bem fotografada em um filme! O cenário é um
outro personagem na narrativa, e seus contrastes de luminosidade são explorados à perfeição.
Presente no catálogo do Streaming Petra Belas Artes, é um clássico imperdível, tão inovador e
surpreendente agora como há 71 anos atrás. Assistam e depois comentem o que acharam!
Altamente recomendado! Nota: 10/10.


/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/766432/CORRENDO_DESCALCA_1521877683766432SK1521877683B.jpg)
/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/1103675/VERITY_15816071171103675SK1581607120B.jpg)








Postar um comentário