Preparativos para ficarmos juntos por tempo indefinido || Disponível no Cinema Virtual
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pelo Cinema Virtual
Entrando na grade de programação Cinema Virtual na última quinta, o drama húngaro escrito e dirigido por Lili Horvát, que tem no elenco Viktor Bodó, Natasha Stork e Benett Vilmányi.
Elogiado internacionalmente, a produção vem conquistando vários prêmios em reconhecidos festivais de cinema. O longa foi o representante da Hungria para concorrer ao prêmio de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021.
Neste drama, temos a Dra. Márta uma neurocirurgiã húngara que tem uma carreira promissora no Instituto de Neurociência de New Jersey, Estados Unidos.
Em uma Conferência Internacional, ela conhece o Dr. Janos Drexler. O encontro fortuito resulta em um flerte e ambos combinam um encontro dentro de alguns meses no lado leste da Ponte da Liberdade em Budapeste, o lugar favorito de Marta.
Não trocam maiores informações nem os telefones.
Romântico ou insensato?
Marta tinha uma vida totalmente estruturada e não tinha planos de voltar ao seu país de origem após 20 anos ausente. Porém, em um ato totalmente inconsequente e juvenil, a ilustre cirurgiã se demite do cargo que ocupa, abandona amigos e carreira e viaja ao encontro do amor de sua vida.
Imagem cedida pelo Cinema Virtual
Aos 40 anos, Marta enfrenta uma crise natural e encara o receio de não ter outra oportunidade de viver um grande amor. Marta representa o papel que a sociedade projeta na mulher, que mesmo com carreira e independência financeira, vê a necessidade de encontrar o amor idealizado para se sentir completa.
No dia e hora marcados, Marta aguarda ansiosa na ponte em meio a agitação dos transeuntes. Seu olhar procura desesperado por aquele que viverá com ela por tempo indefinido.
Mas ele não aparece.
O mais lógico seria voltar à vida normal e aceitar o fato de ter sido rejeitada. Mas a Dra, com um cérebro lógico e racional decide ficar e procurar seu amor.
Encontra o hospital em que Janos trabalha e o encontra no estacionamento. Ele a ignora dizendo que nunca a viu antes. Com o choque, Marta cai sem sentidos.
Seria uma louca fixação e Marta teria criado o homem ideal e projetado o amor perfeito? A obsessão a teria levado a criar em sua mente toda uma história de amor?
Fotos encontradas na internet comprovam que ambos estiveram mesmo na tal conferência. A dúvida a faz perseguir aquele homem enigmático e distante cada vez mais. Vai trabalhar na mesma clínica que ele e se muda para um apartamento decadente com vista para a ponte onde eles deveriam ter trocado juras de amor.
Imagem cedida pelo Cinema Virtual
Há um mistério envolvendo esse relacionamento. Há uma tensão sexual entre ambos. O que é real e o que é criação da mente perturbada da neurocirurgiã, tão capaz e eficiente em sua profissão?
Uma mente solitária é capaz de criar fatos a ponto de aceita-los como verdadeiros?
Marta procura ajuda de um terapeuta na ânsia de descobrir algum problema que justifique seu comportamento. Ela se nega a aceitar que foi rejeitada.
O fato de ambos serem especialistas na área que estuda o cérebro humano aumenta o clima de expectativa e suspense da trama.
Os protagonistas tem boas atuações e transmitem a confusão mental e ansiedade das personagens.
Há histórias paralelas, como a da amiga Helen ou o pequeno flerte com o filho de um dos pacientes, mas pouco agregam à trama central.
A fotografia passeia pelas ruas e pontes de Budapeste delineando um cenário frio e noir. A câmera se fixa em longos closes da face ou dos belos olhos azuis de Marta, dando tempo ao expectador para refletir e analisar o que realmente está acontecendo. A trilha sonora acentua a atmosfera.
A história se sustenta com um um clima instigante por praticamente todo filme, mas a conclusão se mostra um pouco simplista.
Para mim, motivo alegado por Janos para não assumir o romance foi algo bem comum. Talvez em outra cultura faça mais sentido.
Ainda assim, vale conferir e conhecer um pouco mais do cinema húngaro.
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