Harmonia Silenciosa || Disponível no Cinema Virtual
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Elite Filmes
A sensação ao terminar de ver este filme é: "Que filme terno!". Um belo olhar realista sobre as diversas formas de amar.
Noah é um músico que tem um potencial imenso, mas sobrevive tocando em turnês com a banda Blast from the Past, que toca sempre os mesmos sucessos dos anos 1990. Está fazendo o que gosta, tocando com Moniqua, sua amiga e mentora que lhe dá conselhos sobre música e a vida, mas se sente frustrado com o repertório.
Em uma crise existencial, abandona a turnê na Inglaterra e volta para a casa da mãe na Austrália. Chegando em casa é recebido friamente.
Ângela, a mãe, que também tocava piano, é amarga em relação à vida, às doenças típicas da idade e ao amor do passado. Mas sua amargura e desânimo deve-se, principalmente ao fato do filho ter assumido sua sexualidade, sua vocação como músico e ter saído de casa para viver seu sonho. Ela não disfarça seus sentimentos.
A volta de Noah irá remexer muita sujeira varrida para debaixo dos tapetes por anos.
Perdido em seus sentimentos, Noah conhece Finn. Aquele encontro que, podemos dizer, foi preparado pelo destino para chacoalhar a vida de ambos.
Imagem cedida pela Elite Filmes
Finn, antes Hanna, está em um duro processo de transição. Um homem trans, deficiente auditivo. Cheio de dúvidas, sente falta da mãe falecida e disputa com o pai um espaço de reconhecimento e tomada de decisões. Ainda encara o desafio de gerenciar um Clube Noturno para Surdos, que funciona como Centro Comunitário durante o dia para angariar verbas.
A comunidade reclama do barulho excessivo, enquanto os deficientes só querem ser respeitados e não ter que se adaptar e perder a identidade.
Finn está no meio deste turbilhão de sentimentos. Usa de métodos digitais para se comunicar com os ouvintes, mas suas decisões não são valorizadas.
A amizade entre os jovens logo se transforma em amor. Juntos irão encarar as mudanças, o desafio de ser diferente em uma comunidade tradicional e o valor de seguir seus sonhos.
Finn toma decisões importantes com relação a transição e Noah aposta em seu talento como compositor.
Cortar os longos cabelos que lembravam sua mãe será um marco decisivo na vida do rapaz. E Noah fica ao seu lado, acompanhando e apoiando todo processo.
Imagem cedida pela Elite Filmes
O filme mostra a trajetória de amadurecimento dos jovens e suas famílias. Os conflitos explícitos ou não, são claros em cada cena e muito bem abordados. Além da transição e uma nova identidade na vida de Finn, ainda há a barreira emocional de não poder ouvir, enquanto Noah se esforça para aprender a se comunicar na nova linguagem. Até cometendo erros engraçados.
A narrativa aborda lindamente esses vários aspectos dos dois mundos que habitam a relação dos jovens. A descoberta do verdadeiro Eu, os medicamentos, acessórios, a auto aceitação, a superação dos preconceitos. A transição é abordada com realismo e delicadeza. Os medos, o desconforto com a própria nudez, a sensibilidade do parceiro.
A atuação de Yianna Pandelis é comovente e real. O filme passa essa autenticidade em apenas 90 min, trazendo uma mensagem necessária no mundo atual.
É um filme sobre inclusão. E toda forma de amor vale a pena!
A trilha sonora fica a cargo da bela voz e interpretações de Christine Anu. A fotografia traz lindas imagens de uma comunidade na Austrália. O Longa ganhou prêmio de Melhor Filme Australiano no Melbourne Queer Film Festival e Queer no Mardi Gras Film Festival.
Estreia nesta quinta-feira (20).
Postar um comentário