Presidente || Disponível aqui
Crítica por Helen Nice
Imagem: Reprodução
O Zimbábue vem há anos sofrendo uma opressão brutal nas mãos de um sistema desumano, liderado pelo ditador Robert Mugabe do corrupto partido Zanu PF.
Mugabe foi deposto graças a um golpe liderado pelo governista e antigo vice-presidente Mnangagwa. O caso é que os dois estiveram juntos no governo durante 56 anos, como assessor ou no Ministério. Sendo assim, Mugabe e Mnangagwa sempre foram cúmplices na destruição do País.
Quando enfim, um pequeno halo de luz parecia despontar no fim do túnel com as eleições presidenciais marcadas, algo trágico acontece. O principal oponente e favorito, líder da oposição Morgan Tsvangiraai morre de câncer, pouco tempo antes das eleições.
Assume o jovem líder da Aliança MDC (Movimento para a Mudança Democrática), advogado de 40 anos, Nelson Chamisa, que luta contra o regime de Mugabe desde o tempo do Movimento Estudantil.
O documentário de Camilla Nielsson, vencedor da Competição Brasileira de Longas e Médias- Metragens do Festival É Tudo Verdade 2021 nos traz imagens de 2018, do período de 4 meses antes das eleições no País.
São cenas fortes e aterradoras de um população oprimida pela violência física e psicológica, um povo que tenta levantar sua voz e demonstrar sua vontade nas urnas, de maneira honesta e democrática, porém é intimidado pelo regime ditatorial.
Nas propagandas e comícios antes das eleições, o atual líder e candidato à reeleição promete uma disputa livre, honesta e com total transparência e credibilidade.
Será?
É formada uma Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC) liderada pela Ministra Priscilla Makanyara Chigunka com a função de fiscalizar a transparência das eleições.
Imagem: Reprodução
A desigualdade já fica explícita quando vemos imagens de verdadeiros outdoors do atual presidente contra uma campanha humilde e com poucos recursos do jovem oponente. O líder atual também detém o poder sobre os militares. Eles comandam até a comissão que deveria fiscalizar tudo.
O que veremos, no entanto, será uma série de irregularidades e manipulação da vontade popular usando inclusive agressão física e violência armada das forças policiais. Em dado ponto, os ânimos se acirram e o povo se rebela. Há um violento embate, a polícia atira contra os manifestantes, matando e ferindo inocentes. Jornalistas ficam no meio do fogo cerrado.
A fotografia mostra locais simples e sem qualquer estrutura, população pobre e de fácil opressão. A distribuição de alimentos é usada como arma política nos comícios da Zanu PF.
A vontade popular aponta um claro favoritismo do jovem líder Chamisa. O povo deposita suas últimas esperanças de alguma mudança na visão jovem e dinâmica do candidato. Seus comícios são eloquentes e arrebatam eleitores, ganhando simpatizantes.
Porém, o sistema corrupto se empenha de todas as maneiras para se manter no poder, já que Zimbábue detém recursos minerais de grande valor e a intenção é sempre desviar verbas que deveriam ser utilizadas no desenvolvimento da Nação. Um verdadeiro cartel tem as rédeas do País. Não há como tomar o poder de suas mãos.
O jovem candidato sofre agressão física, é ameaçado de morte, mas se mantém firme em seu propósito de mudança.
As eleições acontecem sob a vista de órgãos governamentais, instituições e observadores internacionais. O mundo todo assiste o desenrolar de eleições fraudulentas, com cédulas sendo impressas sem supervisão e manipulação da contagem de votos.
O documentário denuncia um sistema aterrador de poder que coloca em risco a palavra Democracia.
O Zimbábue pode representar qualquer lugar do mundo!
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