O Paraíso || Disponível aqui
Crítica por Bárbara Kruczyński
Imagem: Reprodução
Em ‘’O Paraíso’’, de Sérgio Tréfaut, o cineasta revela como o jardim do Palácio do
Catete, no Rio de Janeiro, se transformou em palco para cantorias e reuniões diárias
ao público seleto da melhor idade, prévio a chegada da pandemia da COVID-19.
Se uns gostam de frequentar o lugar para ouvir os conhecidos e amigos cantarem
suas melancolias ou tocarem instrumentos com maestria, outros querem extravasar
suas almas artísticas. Botar para fora dores e, claro, nunca esquecendo de falar
também de amores saudosos.
Os idosos que ali fazem exercícios físicos e trabalham sua saúde mental tem uma
carga cultural gigantesca e muitos vivem sozinhos, pegam conduções e tentam estar
entre os seus similares como uma forma de socialização e até terapia. E as rodas
musicais proporcionam isto como se fosse um alimento à alma de cada um.
Imagem: Reprodução
Ademais, se por lá eles conseguem realizar diversas práticas físicas, também não
deixam de flertar, fazer novas amizades e falar de suas jornadas de vida com muita
alegria e simpatia. Intrigante ainda é que o filme nos introduz a história destes
senhores e senhoras através de um dos funcionários do espaço que começa contando
que retornou ao Brasil depois de muito tempo fora e nesta volta inicia um trabalho no
palácio e é lá que dá de cara com todas essas pessoas encantadoras reunidas.
O Catete em outras eras (1867 a 1960) foi o lar oficial de presidentes brasileiros e não
deixa de ser importante quando é a nova casa de personagens tão reais. E estes
mostraram aqui que o amor, a amizade, a união e a boa música são muito necessários
para não pirar de vez.
Bem, a produção foi pausada logo ao meio de fevereiro do ano passado, e alguns dos
homens e mulheres que conhecemos aqui, entre eles, Mestre Rubinho do Bandolim,
não tiveram como prosseguir e talvez esta seja a realidade de muitos que passavam
seus dias em espaços direcionados a melhor idade.
Tréfaut (Raiva) nos entrega um filme simbólico e marcante. Não deixando de exaltar a
vivência e a musicalidade de pessoas que devem ser celebradas tanto quanto o
projeto. A torcida, obviamente, é para que ao fim de tudo isso, o espaço (e todos os
outros que existem) volte a receber e a integrar jornadas que fazem tanto nos lembrar
de um futuro nosso que vem por ai.
Um abraço apertado aos familiares de todos aqueles que faleceram.
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