O Último Jogo || Estreia dia 1 de abril de 2021
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Imagine uma fronteira fictícia e dois vilarejos separados por apenas 9 km.
De um lado está o Brasil e a pequena cidade de Belezura, um nome bem peculiar para um lugar sem nenhum atrativo turístico. Belezura sobrevive às custa de uma única fábrica de móveis e tem um time de futebol formado praticamente pelos funcionários da fábrica. A diversão e paixão da cidade é o futebol de várzea, chegando a ser caso de vida ou morte perder um jogo.
Do outro lado da fronteira está a Argentina e o vilarejo de Guapa. Seus habitantes também nutrem uma paixão insana pelo time de futebol local.
Perder um jogo é considerado fim do mundo.
A rivalidade futebolística entre as duas cidades vem de longa data e assume limites escandalosos. Cada jogo entre as duas equipes é mais importante que final de copa do mundo.
Por mais estranho que possa parecer, o treinador do time de Belezura é um argentino, o Seu Arlindo, dono do mercadinho, que se estabeleceu na cidade e acabou criando raízes. O seu time tem como principal astro o jovem que atende pela alcunha de Califórnia, o camisa 10 da seleção. O craque, digamos assim, não é o jogador mais empenhado e regrado do mundo. Fuma, bebe, participa de noitadas antes das partidas (opa! vocês reconhecem alguma semelhança? rsrsrs), mas a sorte o acompanha e a redonda acaba chegando ao fundo do gol adversário.
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
O radialista das famosas partidas entre os dois arqui-inimigos é o médico da cidade de Belezura. Ele tem uma maneira bem própria de irradiar as contendas usando jargões e termos médicos para descrever as jogadas. Você vai rir muito com ele.
Um acontecimento trágico está para acontecer. A fábrica de móveis vai fechar e consequentemente, a cidade não terá como sobreviver. Ao mesmo tempo está marcada a derradeira partida antes do fim da cidade. Belezura não pode sumir do mapa e ainda perder para um time argentino.
Ah, não para a Argentina, né?
Eis que chega à cidade um forasteiro de nome Expedito Gonzalez e a fama de ser "o fantasista da bola branca" e dominar a bola nos pés como se possuísse um poder sobrenatural.
Chegou a salvação do time - ou não!
Os habitantes de Belezura veem no estranho personagem a possível arma secreta para vencer o jogo... A questão é: como convencer Expedito e sua esposa a ficarem na cidade.
O último jogo está chegando e Belezura tem o mando do campo. O clima está ficando tenso, muita mentira irá rolar e a mulher do Fantasista (Betty Barco) vai causar ainda mais discórdia na cidade.
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
O Último Jogo é uma deliciosa adaptação livre do livro El Fantasista de Hernan Riviera Letelier. Dirigido por Roberto Studart, com roteiro do próprio Roberto e Ecila Pedroso, esta comédia vai te divertir do começo ao fim. Os personagens são hilários, as situações absurdas são de chorar de rir. O time de atores foi escalado com esmero e são mesmo bons de bola, o que deu um ar bem real às cenas de jogo. Segundo o diretor, os figurantes foram escolhidos estre jogadores de várzea nas cidades onde foram feitas as filmagens.
No elenco temos Bruno Bellarmino como o craque meio mequetrefe Expedito, Pedro Lamin como Califórnia, o dono da bola e da mulherada e Norberto Presta como Seu Arlindo, o dono da mercearia com seu sotaque portunhol.
O diretor estreia na ficção com o pé direito e bola na rede. Um golaço trazer para as tela a famosa rivalidade em uma partida Brasil Argentina.
De maneira bem irreverente, o filme nos faz ver até que ponto pode chegar essa paixão nacional, que leva o povo a esquecer problemas reais e importantes (no caso o fechamento da fábrica) e idolatrar um desconhecido, fazendo qualquer coisa pelo time, acirrando a rivalidade entre as pessoas.
Eu me diverti muito com o filme e super recomendo!
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