Notre Dame || Estreia dia 11 de fevereiro de 2021
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Califórnia Filmes
Maud Crayon (Valerie Donzelli) é uma mulher madura que vive em Paris com seus dois filhos pré-adolescentes e encara uma carreira estagnada como arquiteta em uma agência convencional, chefiada por Didier (Bouli Lanners).
Ela se sente presa e frustrada. Apesar de todos esforços para desempenhar bem sua profissão, seu talento nunca é reconhecido. A história se mostra um tanto quanto auto biográfica neste sentido, já que Valerie Donzelli também cursou arquitetura, mas abandonou os estudos.
Sua vida pessoal também não parece evoluir bem. Separada, Maud mantém um relacionamento secreto com o ex-marido Martial (Thomas Scimeca), que já tem uma nova companheira. De esposa, Maud passou a ser "a outra", enquanto ainda nutre uma grande paixão pelo ex-namorado da juventude Bacchus Renard (Pierre Delandonchamps).
Um concurso lançado pela Câmara Municipal de Paris para desenvolver um projeto arquitetônico no espaço ao redor da Catedral de Notre Dame traz um vislumbre de mudança na vida da arquiteta.
E aí entra em cena o cinema fantasia de Valerie Donzelli, que além de atuar e dirigir, também divide o roteiro com Benjamin Charbit. Donzelli segue apresentando a realidade distorcida como se fosse uma fábula. Elementos de fantasia, musical, cinema mudo e comédia romântica se misturam e tudo é possível. Não há regras, apenas imaginação.
Uma tempestade surreal leva a maquete de Maud para o lugar exato e ela é escolhida para realizar o arrojado projeto.
Mas uma gravidez não planejada, e já muito adiantada para um aborto, e a volta do ex namorado, agora como o jornalista que fará a cobertura do evento, confundem a cabeça da já indecisa Maud. Ela tem diante de si um labirinto - filhos, ex marido, gravidez, ex namorado e o desafio profissional.
Imagem cedida pela Califórnia Filmes
O filme mostra uma mulher disposta e dar conta de tudo.
Os elementos de fantasia não permitem que o roteiro se aprofunde no tema principal. As tramas paralelas se confundem.
O roteiro é feliz ao mostrar como o julgamento e o preconceito sempre orbitaram ao redor dos grandes artistas e seus projetos. A comoção pública contra o novo, o diferente. Muito bem colocada a comparação com a aceitação pública sobre a construção da Torre Eiffel.
Donzelli se utiliza de elementos oníricos em sua trama em cenas de canto e dança.
Tudo é exagerado.
Temos o ex-marido (uma figura à parte!) que vai e volta na relação e sofre com um possível fim, sendo que eles já estão separados.
O ex-namorado que surge de repente e revive um amor impossível.
É um tipo de humor diferente, que não agrada a qualquer público e pode até deixá-lo entediado.
Destaque para os belos cenários de Paris apresentados por uma fotografia bem trabalhada.
Mas, como Mary Poppins, este filme intenciona alçar grandes voos, mas não consegue atingir a mesma altura de sua maquete.
Notre Dame foi lançado no Festival de Locarno e chega agora aos nossos cinemas. Estreia em 11 de fevereiro.
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