O Texto || Disponível a partir do dia 10 de dezembro de 2020
Crítica por Marcelino Nobrega
Imagem: Reprodução
Baseado em um best-seller russo de Dmitry Glukhovsky, este filme do diretor Klim Shipenko é
um agradável exercício de suspense e dupla identidade, envolvendo assassinato, culpa,
redenção, crime e castigo (tinha que ter um pouco de Dostoievski na jogada, é um filme
russo!).
Mas não é para tanto, o roteiro não chega aos picos de genialidade do genial russo Dostoievski
do século XIX. É baseado em um best-seller e foi feito para entretenimento: suspense,
violência e sexo. Um estudante é alvo de abuso policial e por causa disso passa sete anos na
prisão. Ao conseguir a liberdade, sua vida anterior não existe mais e ele vai atrás do policial
que o prendeu, até para saber o porquê de terem destruído sua vida, com provas forjadas de
tráfico de drogas. Nesse encontro, o jovem Ilya Goryunov entra em luta corporal com o agora
tenente Pyotr Khazin e acaba-o acidentalmente assassinando. No desespero da situação,
esconde o corpo e fica com o celular da vítima. Aí é que entra a parte interessante da estória,
xeretando no aparelho telefônico, ele acaba se fazendo passar pelo seu antigo algoz,
estabelecendo relações online com os pais do Pyotr, sua namorada, seus clientes de drogas e
com a Máfia.
Imagem: Reprodução
Essa relação online muda a vida do Ilya e ele se apaixona pela namorada do tenente
desonesto, Nina. Com os vídeos, fotos, mensagens, textos, arquivos do celular, ele cria uma vida que
não existe e uma nova personalidade, fugindo da realidade que o cerca e da solidão que o
permeia. Essa vida virtual o satisfaz até que ele deixa a realidade entrar no seu mundinho e aí
a violência volta a cercá-lo com consequências terríveis e um final redentor.
O ator principal Alexander Petrov é muito bom, ele retrata bem essa desesperança e solidão
que leva alguém a assumir uma vida que não é a sua. A edição é interessante, com umas
descontinuidades que mostram bem o estado psicológico do personagem. É interessante ver
filmes de ação que não são os norte-americanos, consegue-se perceber as nuances da cultura
do país produtor da película. A Rússia, por exemplo, tem um forte sentido de dramaticidade e
tragédia nos seus enredos. Até em filmes de entretenimento, existe este lado soturno
mesclado com as cenas de ação.
Uma das estreias do Festival de Cinema Russo, é um filme curioso de se assistir, um sopro
refrescante na mesmice da maior parte do cinema de ação de Hollywood. Nota 6,5/10.
Postar um comentário