Os nomes das flores || Estreia em breve
Crítica por Helen Nice
Imagem: Divulgação
Por ocasião do aniversário de 50 anos da morte de Ernesto "Che" Guevara, a humilde professora Julia Cortez (Bárbara Cameo de Flores) que vive em um vilarejo simples encrustado nos Andes, é convidada a compartilhar sua historia em um evento que está sendo organizado por militares em uma escola local.
Segundo contam, a velha professora teria sido a última pessoa a encontrar o guerrilheiro antes de sua morte em 08 de outubro de 1967, quando ele foi encurralado em sua sala de aula. A professora teria dado um prato de sopa a ele, que em agradecimento, teria recitado um poema intitulado "Los nombres de las flores".
O filme estreou no Festival de Cinema Black Nights, em Tallin, Estônia. Recebeu, entre outros, prêmios nos Festivais de Cinema de Bruxelas, Rhode Islands e na Semana de Cinema de Veneza. Seu sucesso e reconhecimento se justifica. O diretor iraniano, que também assina o roteiro, nos presenteia com uma visão poética e bela. O universo silencioso e simples daquela professora é de uma singeleza sem igual.
Tendo como pano de fundo as belas montanhas nevadas dos Andes, a película foi gravada aos pés do Huayna Potossi, na cidade de Milluni, e nos apresenta a diversidade cultural e natural da Bolívia. A pós produção foi realizada no Canadá com a colaboração do editor colombiano-canadense Lucas Villegas.
Imagem: Divulgação
O foco principal da película é uma das muitas pessoas que narram histórias com conotação romântica ou politizada sobre Che.
A aridez do local, o clima único, são retratados em imagens em cores arenosas e iluminação natural embaladas por uma trilha sonora instrumental. Vemos, em câmera fixa, aquela mulher idosa e sofrida, que caminha em passos curtos, vivendo do único evento significativo de sua existência - sendo ele real ou não!
As imagens dos pães na janela, o vaso de flores, o retrato, os legumes sobre o fogão à lenha. São imagens de encher os olhos.
O regime militar passa a investigar a veracidade da história, quando o tenente (Abrahan Flores Heredia) percebe que outra mulheres contam a mesma história para turistas. O coronel (Sérgio Wilson Tapia Echalar) determina a prisão do filho especial da professora e seu afastamento da escola.
A história é pura poesia e emoção. Aquela comunidade abandonada pela história gira em torno de um personagem famoso e sobrevive as custas do pouco turismo informal. A água é milagrosa, pois vem do lago onde Che teria bebido, a professora é importante pois conheceu o guerrilheiro.
Respeitar essas pequenas histórias é preservar a cultura e as tradições.
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