Mosquito || Estreia em breve
Crítica por Helen Nice
Imagem cedida pela Sinny Assessoria
Mosquito, uma produção luso-brasileira-franco-moçambicana, foi o filme escolhido para abrir o Festival Internacional de Cinema de Roterdã. Dirigido por João Nuno Pinto, a película nos traz um soldado português perdido em terras africanas em 1917. Livremente inspirado em uma história verdadeira de seu avô paterno, que se alistou para defender a Pátria.
João Nunes Monteiro é Zacarias, um rapaz de apenas 17 anos que, insatisfeito com a vida em família, prefere arriscar-se e se alistar para ser enviado para a guerra.
A vida com os pais tornou-se uma tortura, típico da idade e das tradições rígidas próprias da cultura, e o rapaz quis provar que já era um homem feito e podia voltar com o herói que eles idealizavam. Levava "a guerra no peito e a Pátria no coração", demonstrando o exacerbado sentimento lusitano.
Seu sonho era ser enviado para a França, mas para seu desespero, foi mandado com a 31a Companhia da Coluna do Lago para enfrentar os alemães nas inóspitas terras africanas e defender a colônia portuguesa.
A cena inicial é chocante. O navio de soldados atraca em um lugar sem estrutura alguma e o comandante sem escrúpulos manda os soldados "subirem nas costas dos pretos" para não se molhar. A Pátria amada e seus crimes em tempos de conquistas.
Já no desembarque das tropas, Zacarias se distancia de seus compatriotas. Apenas 2 escravos negros lhe fazem companhia por algum tempo e, após um incidente, só resta Duarte (Antônio Nipita) para ajudá-lo a encontrar o caminho.
Mas Duarte está em suas terras, se rebela e em pouco tempo o abandona à própria sorte.
Aí inicia-se uma jornada de perigos, sobrevivência, enfrentamento e, principalmente uma jornada interior, com sonhos, pesadelos, alucinações.
Tendo que vagar solitário em um ambiente hostil, com os nervos à flor da pele, sofrendo de fome, sede, calor intenso, insetos, animais da savana e os selvagens locais.
Zacarias é jovem e inexperiente, enfrentando uma situação implacável.
Ele quer sobreviver e repete incessantemente...
"Eu caminho vivo no meu sonho estrelado."
É uma experiência angustiante. O colonizador sendo colonizado.
Tudo bem ambientado e bem situado temporalmente. As paisagens africanas, os costumes, o colonialismo, a inutilidade da guerra com a perda de tantas vidas, intensificadas pelos sons e trilha sonora. As doenças típicas do local, como a malária, poderiam justificar a febre e os delírios.
Sempre fica a dúvida, tudo aquilo aconteceu realmente? Prepare-se para um estado de transe.
Mosquito fala principalmente de inocência da juventude e suas ilusões, do amor à Pátria e da dura realidade da guerra.
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