Beleza Oculta

Beleza Oculta || Classificação: ★★★★ (Ótimo) || Estreia em 26 de janeiro de 2017

Texto: Murilo Maximiano || Revisão: Kamila Wozniak

O título brasileiro acaba por esconder a beleza do original, Collateral Beauty (Beleza Colateral), o qual dialoga de maneira linda com tudo que se vê e se fala no filme. Singelo, um pouco previsível nas suas viradas, mas rico em emoção e com uma condução de história maravilhosa, temos mais um bom drama estrelado por Will Smith. Howard (Will Smith), sócio majoritário e em depressão após de uma perda, não consegue mais levar a cabo seus afazeres na empresa que fundou com o melhor amigo Whit (Edward Norton).

Os sócios Claire (Kate Winslet), Whit e Simon (Micheal Peña) decidem tentar afastá-lo por invalidez e, após descobrirem que Howard manda cartas para a Morte, o Tempo e o Amor, contratam atores para interpretar tais abstrações e confrontá-lo. Misturando drama com comédia ao desenvolver sua narrativa, David Frankel (Marley e Eu) conduz a história sem melodramas, uma maneira divertida e emocionante. Fazendo rir e chorar, o roteiro se fecha de maneira perfeita, com reviravoltas e um timing excelente.

Mantendo o ritmo ideal e valorizando tanto a tocante mensagem quanto as incríveis atuações do elenco. O filme se firma muito em apresentar as relações humanas, não apenas dos amigos e sócios com Howard, mas com toda a gama de personagens. Dentro dos problemas de cada personagem, as abstrações sempre citadas são continuamente buscadas e logo você percebe, de maneira singela o que “beleza colateral” significa. É isso que o filme tenta trazer, a beleza que existe apesar dos problemas, e isso ele faz de maneira incrível. Incrível também é a maneira metafísica com a qual o filme se relaciona com os temas.

Buscando em diálogos e monólogos apaixonados – e com um leve toque de fantasia – sempre o tema da perda, da depressão e de como lidar com as reveses da vida. Somos bombardeados pela emoção e beleza de todo o filme. As atuações nem precisariam ser comentadas, incríveis como o esperado de um elenco tão incrível. Bom ressaltar que vemos aqui um Will Smith confortável com o personagem, entregando maneirismos e expressões.

No início, que evidenciam um homem preso em sua própria dor e que explode na emocionante sequência final. É o Smith dramático de Em Busca da Felicidade novamente, com seus exageros usuais que apenas tornam ainda mais interessante as participação. Talvez a única cena desnecessária seja a última de todas. O filme, como um todo, é bem explicado e se mantém bem didático do começo ao fim – talvez o que o deixe mais previsível que deveria, mas o final apela para esse didatismo de maneira brega. Não estraga o longa, mas não precisava existir definitivamente.

Beleza Oculta é um filme que vale a pena ver. Com um ritmo sensacional, uma história linda e bem contada, personagens incrivelmente carismáticos encenados por atores sensacionais e com humor e drama nas medidas corretas. Um longa que marca e que nos faz sair com aquela sensação de ter visto algo que não só é muito bom, mas que contém lições que podemos levar para a vida.